segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Afrodescendentes no Brasil

A questão da identidade racial, desde uma perspectiva antropológica e sociológica é ainda uma questão polêmica e geradora de tensões e contradições, sobretudo no contexto de sociedades com marcada heterogeneidade cultural (como é o caso do Brasil). Mais ainda, ao tratar da identidade negra, hoje, talvez o desafio maior seja incorporar, na sua construção, elementos positivos (afirmativos) que vão além do reconhecimento das injustiças históricas cometidas contra a população negra e a denúncia do preconceito, das atitudes e das práticas discriminatórias. O próprio conceito de raça, como pressuposto de determinação biológica, graças aos mais recentes descobrimentos da genética, foi destituído do seu status de cientificidade e de neutralidade biológica. Por isso, para algumas correntes sociológicas, a identidade racial deve ser compreendida como uma categoria socialmente construída, e não como uma realidade biologicamente predeterminada. Quer dizer, o ser negro, ainda que possa incluir componentes biológicos, não se esgota neles, mas é parte de uma construção identitária, em que a identidade ou identificação racial é também social e culturalmente construída. Desde essa percepção da identidade negra como construção (e conseqüentemente, como afirmação), Castells (1999), identifica três processos: a identidade legitimadora, promovida por instituições sociais dominantes, reforçando uma atitude de submissão dos sujeitos; a identidade de resistência, configurada em atores em condição social desfavorecida, que apresentam resistências ao projeto dominador, mas ainda não chegaram a propor formas positivas de construção identitária; e a identidade de projeto, na qual os atores, com base nos materiais culturais disponíveis, constroem novas identidades, redefinem seu lugar social e buscam mudanças na estrutura social. Dentro dessa perspectiva da incorporação de elementos positivos na construção da identidade negra como projeto, uma alternativa interessante (muito presente e cada vez mais constante no Brasil) é o destaque dado ao elemento cultural da africanidade como fator de afirmação da negritude, com seus derivados religiosos, lingüísticos e culturais. Candomblé samba rap, hip-hop, irmandades religiosas, blocos afros e afoxés, capoeira, teatro experimental negro, etc., são exemplos dessa incorporação.Filipe Cavalcanti De Andrade n°12 ,2°C

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