segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

"Este é um pequeno passo para o homem...

Em tempos de férias, temos contatos com coisas novas e até revisamos o que já conhecemos. Assisti vários filmes, dentre eles o filme “Em nome de Deus”, um belo romance do período da baixa idade média, que retrata uma bela história de amor, em que pese o sofrimento físico e amoroso que envolveu os personagens do romance.
A história acontece no século XII, com o eminente filósofo Pierre Abélard (1079-1142).
Abelardo, professor de filosofia em Paris que ao ser designado para ser tutor de Heloise (1100-1164), sobrinha do cônego Fulbert, ambos se apaixonam e mesmo às escondidas e proibido por conta de sua relação e compromissos com a igreja e com o Celibato, são tomados por uma ardente paixão.
Desse relacionamento nasceu um filho que se chamou Astrolábio, foi criado as escondidas por conta do controle e perseguição que a igreja exercia sobre as pessoas comuns e agentes vinculados a instituição. A violência para com esse relacionamento foi terrível, uma vez que Abelardo foi castrado fisicamente , vindo a se dedicar definitivamente a vida religiosa.
Heloise tenta manter e assumir o amor existente, mas não tendo outra alternativa, vai para o convento de Argenteuil, para de vez em quando poder vê-lo ou se encontrar com seu amor, o até então Abelardo, agora como religioso consagrado a igreja. Além do significado e da retratação do período histórico do período medieval, o romance em si é uma obra belíssima. Também é simbólico a dimensão do nome dado ao filho de ambos, pois Astrolábio era uma importante ferramenta, usada para medir a elevação dos astros no horizonte. Ou seja, é um instrumento que mede a distância entre as estrelas, a começar pela “distância entre os pais”, entre o mundo grego do mundo medieval e, também, do mundo moderno ao contemporâneo?
Os instrumentos existentes da época, apontam para o incipiente avanço da ciência que já no século XII era determinante na orientação científica e na tomada de decisões rumo a novas descobertas, apesar da perseguição sistemática pelo tribunal da inquisição para com as teorias que ousassem contrariar as doutrinas da Igreja Católica, Apostólica Romana.
Evidentemente, o Astrolábio é uma invenção antiga e que teve importante utilidade como equipamento empregado em vários ramos do conhecimento, fundamentalmente para a navegação em busca de novos mundos e rotas de exploração.
As dificuldades em superar os limites do conhecimento das grandes navegações antes de 1400, seriam comparáveis a tentativa de descoberta e da chegada do homem a Lua e ou a Marte?
Claro que o que defini esse avanço, conquistas e a transposição para o além do conhecido são os desafios do homem e da ciência diante da realidade e da necessidade de novas descobertas e exploração, em confronto com novas realidades, novas invenções e aperfeiçoamentos das existentes. Outra invenção importante na conquista do universo foi a descoberta e aperfeiçoamento do Telescópio. A definição etimológica de telescópio, vem do grego e pode ser traduzido como “observar longe”.
Galileu Galilei aperfeiçoou esse instrumento a mais de 400 anos, revolucionando a ciência, possibilitando analisar mais acuradamente os fenômenos da natureza, bem como desmistificou as idéias até então aceitas como verdadeiras, isso do ponto de vista da igreja e de alguns filósofos, como a teoria Geocêntrica, que foi suplantada pela teoria Heliocêntrica.
É bom frisar que esses avanços sempre eram contestados e repelidos pela ortodoxia da Igreja Católica, haja vista a condenação ao fogo da inquisição de cientistas importantes como Giordano Bruno, em grau menor, nem Galileu escapou das sanhas do tribunal. Foi a superação do Teocentrismo pelo Antropocentrismo, atribuindo ao homem com base na ciência o relevante papel de explicitar o que já se conhecia e investigar e elucidar aquilo que a ciência não tinha elucidado.
Grandes desafios foram apresentados do ponto de vista da ciência, e dos mais variados ramos do conhecimento onde o homem, a partir de Marx, imprime nova fisionomia nas ciências sociais, colocando o homem como um agente transformador da realidade, cujo papel é transformar o mundo e não se limitar a contemplá-lo, como polemizou nas teses contra Feuerback.
Com a comemoração dos 40 anos da chegada do homem a Lua, o mundo retoma o grande feito, num contexto de guerra fria, uma vez que a séculos o homem embala seu sonho de descobertas e domínio de outras parte do universo, ora por interesses econômicos, ora pela ambiciosa intencionalidade, vaidade e necessidade de domínio e preservação da vida do homem e dos animais sob todos os aspectos.
Sabemos que hoje as possibilidades para se ocupar a Lua e Marte são reais, e assim será feito, por motivos de interesses econômicos, estratégicos de dominação sobre aos mais distantes limites ou fronteiras do universo, sempre em busca de exploração, colonização e até mesmo em função de conhecimentos e domínio sobre as forças ainda incontroladas da natureza sideral. Sabemos que nosso modo(forma) de vida na terra obedece a um processo evolutivo e finito, tendo em vista a idade da terra, das estrelas e as formas de adaptabilidade ou não dos seres no planeta.
Nesse contexto, os países de tecnologia dominante se lançam nesse universo de novos domínios, hoje extremamente difícil diante da tecnologia disponível, da mesma forma que outrora fora difícil o processo de expansão capitalista no domínio das grandes rotas de navegação, hoje absolutamente seguras tal o acúmulo de conhecimento que se dispõe sobre essa realidade concreta.
“Neste mês completam-se os 40 anos da primeira viagem do homem à Lua. Foi em 16 de julho de 1969 que a nave espacial Apollo 11 partiu do Cabo Canaveral. A bordo estavam os astronautas Neil Armstrong, Edward “Buzz” Aldrin e Michael Collins. Os dois primeiros desceram rumo à superfície no Módulo Lunar. . A chegada do homem à Lua foi motivada pela intensa polarização entre os Estados Unidos e União Soviética. O imperialismo norte-americano investiu alto para superar a URSS na chamada “corrida espacial”. . Na década anterior, apesar da burocratização stalinista, o Estado operário soviético dava mostras da superioridade da economia planificada, livre das amarras do capitalismo. Em 1957, os soviéticos colocam em órbita o primeiro satélite da humanidade, o Sputnik. E depois a cadela Laika, o primeiro ser vivo a entrar em órbita. Em 1961, realizam um feito ainda mais notável: o cosmonauta Iuri Gagarin é o primeiro ser humano a viajar ao espaço e proclama que “a Terra é azul”. Um feito admirável para um país que 40 anos antes tinha cerca de 90% da população analfabeta .”(Jeferson Choma, da redação do Opinião Socialista) Nada contra o avanço tecnológico e a busca de novas explicações para a atual e novas realidades, todavia, esses investimentos se chocam com os terráqueos que ao mesmo tempo que assistem ao espetáculo da chegada do homem a lua, milhões morrem de fome e inanição por falta de condições básicas de sobrevivência. Segundo dados das mais variadas fontes, estima-se que existem 1 bilhão de pessoas que passam fome no mundo, fruto de uma pobreza estrutural que está longe de uma solução definitiva. Nesse sentido, a burguesia se lança a grandes aventuras, movidos por interesses dos mais variados, porém, não se sensibilizam com “a morte que campeia e ronda milhões de empobrecidos, por falta de inclusão, divisão e socialização dos bens produzidos coletivamente,que deveriam ser revertido para as causas coletivas.
...mas um gigantesco salto para a humanidade". Neil Armstrong. Será?!
Viver, lutar e navegar é preciso.!!!
Aldo Santos, sindicalista, Membro do Diretório Nacional e presidente do Psol de São Bernardo do Campo.(29/07/09)

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