domingo, 18 de abril de 2010

Considerações sobre o fim da greve dos Professores.

No dia 05 de março de 2010, cerca de 10 mil professores aprovaram greve por tempo indeterminado, que teve início no dia Internacional das Mulheres, diante da insensibilidade de um governo que por vários anos tratou a categoria com descaso, humilhação e desvalorização profissional.

Com o fim da greve dos professores, muitas indagações continuam sem resposta junto à categoria do Estado de São Paulo.

Num primeiro momento o enfoque da greve foi entorno da disputa eleitoral, onde várias entrevistas, não desmentidas apontavam para a necessidade de derrotar o projeto tucano, com o slogan PSDB nunca mais. Até aí, os professores assimilaram e contextualizaram a greve, dado o início do período eleitoral em curso.
Em nome da unidade, o movimento cresceu, entrou em choque com a polícia militar no Palácio dos Bandeirantes, paralisaram o trânsito e o centro financeiro na avenida Paulista e fizeram o bota fora de José Serra.

Nessa altura do ‘campeonato’ já havia profunda desconfiança sobre o uso político da greve, particularmente pelo PT em favor de Dilma, enquanto as demais agremiações partidárias se limitavam a criticar e correlacionar o projeto do governo federal (PDE de Lula e Haddad, com a política de mérito desenvolvida pelo governo Tucano do Estado de São Paulo).

Coincidentemente, após o bota fora de Serra, a direção também preparou o funeral da própria greve, enterrando às esperanças do magistério Paulista.Durante o comando de greve, em várias escolas, os professores já advertiam sobre a última greve de 2008, cujo desfeche não seria diferente desta.

Os comandos de convencimentos tiveram papel fundamental nesse processo, que a exemplo do mito de Sísifo, diariamente rolávamos a pedra até o topo do monte e no outro dia começávamos tudo novamente. Foi assim durante o mês inteiro.

Que a articulação sindical tivesse esse comportamento político/eleitoreiro, nada a estranhar, pois seu projeto no máximo se limita a disputa eleitoral, até porque os seus candidatos ao Governo, Senado, Deputados Federais e Estaduais, sempre estavam presentes e inflamados nas respectivas assembleias.

Até aí “nada de anormal” se fossem transparente com os educadores do Estado. O que causou desconforto e indignação foi os ditos setores de esquerda fazerem coro com a articulação sobre a tática e estratégia da greve, culminando com a defesa do fim da mesma em comum acordo com a articulação sindical.

É evidente que desconstruíram a greve, principalmente, após o bota fora de Serra. Esse comportamento depõe contra esses setores da esquerda, que aparentemente estariam a serviço da articulação, da burocracia ou do aparelho sindical.

Mais uma vez Leon Trotsky tem razão sobre o papel da direção reformista, burocrática e aparelhista diante do processo de enfrentamento da classe trabalhadora.

Nesse sentido propomos aos membros da TLS e outros que se agrupam nos movimentos dos professores para que façamos um profundo balanço do papel da oposição, particularmente, da Oposição Alternativa, para que de fato se transforme numa alternativa de oposição sem rendição ao campo majoritário do sindicato.

As Lições da greve apontam para a necessidade de se repensar o projeto sindical dos professores, liderados pela frente diretiva hoje estabelecida, que se apresenta dividida no varejo, porém, de mãos dadas no atacado.

A nossa greve expressou a mais genuína manifestação da luta de classe, que ao longo da história da humanidade tem enfrentado os opressores de sempre, apesar de direções que sempre capitulam a direita, e parte, pela esquerda.

Decretaram o fim a greve, mas a nossa luta vai continuar hoje e sempre até que consigamos destruir essa forma de governo, as fragilidades e debilidades diretivas para que juntos construamos uma nova ordem econômica e política que é o Socialismo científico.

Lutar sempre é preciso!!!

Aldo Santos:

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