quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Professores em luto


Há aproximadamente 35 anos atrás, o companheiro Olímpio, migrou de Minas Gerais para São Paulo em busca de uma vida melhor, caminho esse trilhado por milhões de migrantes nesse país na década de 60/70 do século passado. No dia 14/11/2010, aos 52 anos de idade, morreu o professor Olimpio Paulo, o mais velho dos 13 irmãos da família Guiladucci .É de uma grande família da pequena cidade Mercês, no interior de Minas Gerais. Como professor, cumpriu sua parte com esmero, dedicação e comprometimento com as causas coletivas e da defesa intransigente da escola pública gratuita e laica. Como bom sociólogo, entendia e expressava a leitura contraria ao mundo opressor capitalista.

Lecionei com o Olimpio por vários anos na escola Pedra de Carvalho, e depois na escola Maria Rosa Barbosa e tinha nele sempre um aliado qualitativo das reflexões das escolas pedagógicas progressistas e transformadoras. Ele gozava do respeito dos professores que com conviveu, assim como, relacionava-se respeitosa e afetuosamente com os alunos no seu cotidiano.

Acometido por um câncer há mais de dois anos, mesmo assim, ele procurava mesmo doente estar presente nas últimas assembléias dos professores na avenida paulista e na praça da república.

Não posso deixar de relatar a crueldade do Governo tucano, pois mesmo doente, na última atribuição de aula ele teve dificuldades de chegar até a banca de atribuição na Escola Kenedy, pois o câncer avançava com a mesma velocidade em que avança o embrutecimento e a desumanização dos governantes. Alias, é comum encontrarmos professores doentes trabalhando, uma vez que freqüentemente as licenças são negadas. Diante de um governo desumano, não dá para esperar uma escola humanizada.

Nos primeiros minutos do feriado republicano, um grupo de professores numa rápida cerimônia religiosa se despediu para sempre dessa figura fantástica que conosco conviveu, participou e lutou por um mundo melhor. No caminho da vinda para São Paulo, trazia na mala: projetos, sonhos e novas perspectivas para si e para os seus. Trabalhou com dignidade, enfrentou as durezas e a frieza do mundo urbano e escreveu sua história nos corações e mentes de milhares de educandos desse país, sempre gozando da amizade e respeito dos amigos e da categoria dos educadores.

No caminho de volta, deixou mulher, família, amigos e saudades. Nossos sentimentos e pesar para com a família enlutada e para os amigos e amigas, fica o registro e a convicção de que realizou e combateu o bom combate. No diário da vida seu nome e sua memória nos levará a responder sempre: Professor Olimpio presente!

Aldo Santos. Membro da Executiva da APEOESP SBC.(15/11/2010)

Nenhum comentário:

Postar um comentário