A história da Vila LuLaldo narrada pelas mulheres.
Vila lulaldo, 13 anos de luta e resistência.
Entrevista feita com as moradoras e companheiras da vila
Lulaldo, Mariazinha e Dona Neusa. Mulheres que narram
suas histórias de vida, concomitantemente com a história
da vila, conforme inteiro teor do diálogo.
Essa cartilha tem por objetivo registrar, e ao mesmo
tempo resgatar o processo histórico da vila dentro do
contexto municipal de São Bernardo do Campo.
O material foi coletado a partir de depoimentos das
moradoras que viveram e vivem um dos maiores problemas
já enfrentados desde 1500 pela população Brasileira, a
questão Habitacional, que começa após 1534, quando o Rei
de Portugal dividiu o país em quinze capitanias e as
entregou a alguns privilegiados europeus, assim, os
nativos – a maioria esmagadora – foram desapropriados de
seus lares, criando aquilo que conhecemos como: a
desigualdade habitacional, que influi diretamente a
todos os outros problemas existentes em nossa sociedade,
ou seja, o Brasil ainda hoje está impregnado por
latifundiários, que por sua vez controlam as esferas
sócio-cultural, a política e a economia, condensando
apenas aos seus interesses e as suas vontades.
C: Comunicador
E: Entrevistado
Marizinha
C Estamos aqui com a Dona Maria Aparecida. Ela é
presidente da sociedade Amigos da Vila Lulaldo. Eu
gostaria que a senhora dissesse o seu nome completo, sua
idade e quanto tempo à senhora mora aqui na Vila.
E: Meu nome é Maria Aparecida do Nascimento, tenho 35
anos e moro aqui na vila há nove anos .Desde que eu moro
aqui, que eu cheguei aqui, que eu procurei participar
das atividades que me diz respeito, ao meu bairro, à
vila. Enfim, comecei participar da diretoria como
secretária, depois passei para vice-presidente, depois
presidente. Trabalho também como professora do Promarc .
C: A senhora é presidente atualmente desde quando? A sua
gestão começou quando, e vai até quando?
E: Começou em julho de 2001 e vai até julho de 2003, são
dois anos.
C: A senhora. Como é que foi a fundação da vila Lulaldo
(ou a) o que a senhora conhece a respeito da fundação da
vila?
E: Olha. Quando cheguei aqui, a vila já existia há
quatro anos .A vinda das pessoas foi em razão da falta
de moradia, eles moravam na vila chamado Jurubeba e lá
era uma área de risco, e eles foram... (à) Prefeitura,
levaram a questão e acho que não foi solucionado da
forma legal. E aí, eles em grupo, juntaram, um grupo, um
grupo de rua, acho que comissão de rua e aí eles
resolveram vir para cá .E aí ficaram até hoje, do jeito
que estão
C: A senhora se lembra que ano foi... Essa ocupação?
E: É, aconteceu em 89, 1989, dia 03 de dezembro.
C: Certo. A senhora falou que tinha uma pessoa que
encabeçou o movimento. Quem foi essa pessoa? Como é o
nome da pessoa?
E: Olha, tinha uma senhora chamada Dona. Emilia. Que o
Barba, éra uma pessoa que já faleceu, mas a esposa dele
continua morando aqui e tinha outras pessoas, também
que faziam parte do grupo dele
C: Então, na época, a pessoa que encabeçou foi o Barba,?
E: Isso.
E:. Eles foram os primeiros que vieram e aí eles foram
marcando, demarcando e formando a vila, pegando as
pessoas, muitos dos que vieram estão aqui. otros não
estão mais, deve ter mais ou menos uns vinte por cento
dos moradores que vieram, . Outros não estão mais aqui
os que estão são pessoas novas.Os n que moram aqui, não
conhecerem a história e o por que dessa vila,. Então,
eles não abraçam a luta, não abraçam e aí torna difícil,
pra uma diretoria ta resolvendo muitas coisas, eu
acredito que é em razão disso, até por que as pessoas
que vieram são os mais conscientes, são os que mais
participam na comunidade, os que mais ajudam, por que
eles sabem à história, eles sabem o por quê de estar
aqui.
C A senhora acha que, oitenta por cento dos moradores
não são mais da vila. Esses oitenta por cento que saíram
da vila, a senhora acha que foi devido a que,
E: Eu acredito, que por covardia mesmo .falta de não
querer, lutar, não querer buscar ;ter encontrado
soluções, melhores soluções. E os que estão aqui (os
mais ou menos vinte por cento) que estão por aqui é
porque acreditam. que vai conseguir e acabaram dando um
apoio também às pessoas novas, incentivando os que vão
chegando, e que sempre tá saindo morador, sempre
chegando .
C: Certo, e o nome é Lulaldo. Porque Lulaldo? De onde
saiu esse nome?
E: Olha, segundo o quê está escrito ,o quê está
registrado, que na época tinha o vereador Aldo dos
Santos que deu um apoio pro pessoal daqui e tinha o
lula, que era uma pessoa muito forte no partido dos
trabalhadores e amigo do Aldo. E como eles acreditavam
muito no trabalho do Lula, sempre depositavam muita
confiança nele, que na época, era presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos .Então eles ,a Dona Emília
que era uma senhora de muita garra, que inclusive ela
morreu de câncer, aqui dentro ,(ela) eles se juntaram,
fizeram uma assembléia e fizeram uma eleição , onde dos
vários nomes apresentados o mais votqado foi o nome de
Lulaldo , pois conforme defesa da dona Emilia na
assembbleia “ nós devemos colocar o nome da vila de
pessoas que são lutadoras como nós’.O nome dos dois
políticos que contribuiu muito, e que eles acreditavam
no trabalho, deles. Acreditavam na força que era o Lula
e que na época era candidato a presidente da reblica e
o companheiro Aldo Santos que era vereador e que apoiu
incondicional a nossa luta.Colocando o nome da vila que
é vila Lulaldo.
C: Então na verdade o nome Lulaldo é uma homenagem, uma
junção dos nomes do Aldo com o Lula, do Lula com o Aldo.
Então uma homenagem aos dois políticos?
E: Aos dois, ao Aldo por está sempre junto como até
hoje é um dos políticos de São Bernardo que mais
freqüenta aqui, o que mais ajuda, o que mais tá sempre
atuando é ele, e o lula por eles acreditarem nele, na
pessoa, no trabalho .
C:, Quando foi fundada a Vila lulaldo.
E Dia 03 de Dezembro, por que a maior rua que tem aqui,
é a rua 03 de dezembro, tem também o nome )3 de
dezembro, em razão disso, também das pessoas estarem
vindo, vindo pra cá no dia 03 de dezembro e onde eles
começaram a ficar foi aqui nessa rua, (né), então ficou
03 de dezembro.
C: É, qual é a programação na semana do aniversário da
vila?
E: Olha, é essa semana a gente vai ter tem no sábado,
tem às quinze horas, tem a abertura com a Missa Depois
da missa, aí a gente vai dar um tempinho de mais ou
menos uma hora, aí vai fazer exposição de fotos,
de cartazes, fotos de trabalhos de alunos, de crianças
da vila (né). Ah! Vai ter fotos (de), fotos antigas,
fotos de quando começou, como começou (é); recortes,
alguma, alguns textos registrados que a gente têm, vai
ta expondo e depois vai ter a atividade financeira, um
forró que a gente faz pra ta arrecadando fundos pra ta
fazendo alguma, alguma melhoria (na) (na) sede, (no)
pros moradores.
C: É, a senhora poderia falar um pouco mais sobre a dona
Emília,
E: Olha, da dona Emília eu sei muito pouco .Eu sei que
ela era uma pessoa de frente, por que eu não sou da
época dela, quando eu cheguei, ela já não estava mais
aqui ,não tem assim muita coisa registrada a respeito
dela , o que a gente tem são fotos e comentários
familiares .. Sabia que tva com a doença, mas mesmo
assim ela não parava de (de) batalhar. Ela enfrenta
polícias (que alguma), teve uma vez que as pessoas, os
moradores foram para o paço, ela ficou sozinha,
enfrentando a polícia pra não deixar ninguém invadir,
derrubar o barraco das pessoas. E não só essa vez, mas
outras vezes também ela fez, ela (ela) enfrenta
policiais (é), acho até o proprietário uma das vezes ela
chegou a conversar com ele. Então o que eu sei dela é
isso, eu não conheço os parentes dela. Não sei se tem
algum parente dela. Eu acredito que não tem aqui (né),
deve (deve) morar em outra, em outro bairro e conheço
por foto que a gente tem o quadro dela aqui com a foto.
Então, eu conheço dona Emília por foto .
É A senhora falou que o pessoal foi pro paço e ela
ficou aqui enfrentando a polícia pra que não houvesse
(uma) a desocupação. O pessoal foi pro paço fazer o quê?
Foi, o que levou o pessoal ao paço?
E: Eles foram reivindicar . Eles foram reivindicar ;
foram pedir uma solução de negociação ao prefeito.
C: Na época da ocupação quem era o prefeito?
E: Maurício Soares .
C: Ele era de qual partido?
E: Ele era do Partido dos Trabalhadores.
C: A atuação dele na época da ocupação em relação à
atuação dele agora é diferente ou (ou) é a mesma?
E: Olha, tem mudado um pouco, por que segundo os
diretores, às pessoas que participavam da diretoria da
época, quando se falava em marcar reunião, assembléia,
alguma coisa dessa natureza e que o assunto era Lulaldo
ele resistia . Hoje já não existe mais essa rejeição ,
C: É na época, a senhora sabe quem era o sub-prefeito
aqui do Riacho?
E: Era, acho que o irmão do Aldo Era o Chicão.
C: E ele, apoiou esse movimento ou não? Ele ficou
apático? Como é que foi?
E: Ah! Ele também junto com o Aldo, ele foi uma das
pessoas também ajudaram muito o pessoal aqui. E acho que
a questão da água, , inclusive existia um processo na
prefeitura como que o proprietário fez contra a
prefeitura, que a água, segundo ele, segundo a
prefeitura, a água foi o irmão do Aldo que Mandou
colocar. O Chicão que fez esse trabalho por ele ser sub- prefeito do Riacho Grande e foram eles que fizeram, isso
é o parecer da prefeitura que foi o Chicão ta até no
processo quem está processando não são os moradores da
vila, mas sim o Chicão e o finado Barba. São as duas
pessoas , que tem, que consta já nos autos do processo.
C:A senhora gostaria de acrescentar mais alguma coisa a
respeito da Lulaldo, do aniversário de 13 anos da vila
Lulaldo?
E: É acho que esses 13 anos, não sei, eu não sei porque
esse ano foi ano do 13. Se você for juntar , são 13 anos
de existência, 13 anos que o Lula luta conseguiu vencer
e 13 o número do partido . Não sei porque (risos), só
isso mesmo, essa observação, não sei se as pessoas
observaram já isso, os moradores. Mas eu fiz essa
observação, treze, o partido que é, não dizendo o
Partido dos Moradores, por que quem sou eu pra falar
que todos moradores são petistas , acredito que 99%
aqui foram Lula , não vou dizer, porque são vários
candidatos e tudo, mas acho que 99% dos moradores aqui
esse ano foram treze . Então deu treze, eu espero que
esse treze dê algo positivo, já que deu pro partido, já
que deu pro Lula, já que é treze anos que a gente tem a
vitória, no treze também, assim, como foi o ano treze.
C: Qual o endereço aqui da sociedade?
E: É rua 03 de Dezembro nº 67
C: A senhora lembra durante esse período , qual o
movimento que ocorreu que mais chamou a atenção de
senhora?
E: foi o do fórum , a passeata ao fórum que nós
fizemos,Em noventa e sete houve um pedido de
reintegração ; saiu no jornal e tudo, que a gente
queria era um prazo pra estar saindo e o prazo foi
vencendo, vencendo ; a gente esperava um parecer da
juíza e o parecer da promotora .O que me chamou atenção
é que eu nunca tinha participado, nunca tinha visto uma
passeata, nunca , e todas pessoas foram, e o que mais me
chamou atenção, é que a união do povo , você vai aquela
passeata bem civilizada todos fazem direitinho e
conseguimos o nosso objetivo. Nosso objetivo seria que
impedisse a reintegração e conseguimos . Nós sofremos,
ficamos lá durante umas três horas, aguardando e ela (a
juíza), se reunindo lá em cima com os meninos, o Aldo
estava junto também , o Wagner Lino também ele estava
presente e aí eles conseguiram e nós estamos até hoje.
Então a foi assim o movimento, em questão de luta, o que
mais me chamou a atenção foi essa passeata .
C: Só pra encerrar. Como é que tá o processo hoje?
E: Olha, o processo hoje ele se encontra em Brasília,
quer dizer o processo nosso, o da Vila, não tem mais pra
onde andar ,ele não tem mais como a gente tá
recorrendo . Tudo o que a gente podia recorrer, já
recorreu, já foi recorrido, o que existe hoje é um
processo contra a prefeitura, proprietário e prefeitura,
está em Brasília, que a gente não sabe até há um mês
atrás nós nos reunimos, dia 06 de Novembro, nos
reunimos na câmara com a presença do Aldo que é da
comissão de vereadores, ele faz parte da comissão
vereador que ficou responsável por acompanhar esse
processo , e segundo ele, ele ficou de está verificando
em Brasília em que pé que está nosso processo, mas o
processo que existe é entre o proprietário e a
prefeitura.
C: Tá ok! Muito obrigado.
E: Nada
Recuperando a história e a memória dos nossos lutadores
Dona Neusa
C: É, vou entrevistar agora a dona Neusa, esposa do
finado Barba. Gostaria que a senhora falasse o nome
completo da senhora, a idade e quanto tempo a senhora
mora na vila Lulaldo.
E: ?, 39 anos, morei aqui muito tempo e voltei pra aqui
agora, Vai fazer cinco anos que to morando aqui de
volta, Ele morreu já vai fazer quatro anos, então
quando eu tava morando aqui, tinha mais ou menos um ano
que eu tava aqui, então aproximadamente cinco anos, Eu
morei um tempão fora daqui, fiquei sete anos fora daqui .
C: Tá. (o) a senhora saiu daqui pode dizer por quê? Se
não tiver nenhum problema.
C: Fale um pouco sobre o Barba.
C: Ele foi o primeiro presidente da vila,. È o primeiro
presidente da Sociedade Amigos.
C: Tá, o que a senhora pode contar pra nós a respeito da
(da) fundação da (da) vila Lulaldo? Como é que foi a
fundação? Como é que foi a vinda de vocês pra cá, de
onde vocês vieram?
E: Nós morávamos na Jurubeba, uma área de risco.O meu
barraco, era bem perto do barranco, quando chovia
desmoronava, tudo caia. Então foi aí que a gente,
decidimos ocupar aqui essa área, E viemos pra aqui, foi
uma luta muito grande.Quando nós mudamos pra aqui, meu
marido não decidiu trazer todas as coisas, fizemos uma
palhoça aqui no terreno, trouxe um plástico perto,
fizemos uma palhoça, ficamos debaixo, foi uma luta muito
difícil, muito difícil mesmo, ficamos aqui cinco meses
sem água, sem luz, Foi terrível. O caminhão pipa vinha
trazer água pra gente.Mais foi muito difícil mesmo pra
gente e ele lutou muito, muito mesmo. Ele, ele era
admirado como ele lutava. Ele lutou demais por isso
aqui, não gosto nem de lembrar o que nós passamos aqui,
C: Ele foi presidente aqui de que ano a que ano?
E: 89 e 91 são isso? nós ficamos aqui até 91, Aí foi
quando a gente saímos, aí ele não participou mais como
presidente, ai quem ficou, no lugar dele foi o José de
Arimatéia.
C: Mas houve uma nova eleição,
E: Não sei, por que eu fui embora e não participei mais.
Enquanto a gente tava aqui eu participava das reuniões,
participava também do comício pra entender.
C: Então, na (na) verdade a senhora participou aqui até
91, depois?
E: O final de 91,
C: Sim saímos da vila e retornamos há cinco anos?
E: Isso. Isso.
C: É, nesse período que a senhora ficou fora da vila e
voltou, a senhora percebeu alguma diferença dos
moradores? Como é que a senhora percebeu a Vila depois
desse retorno?
E: Percebi diferença, muita gente diferente, pessoas que
eu não conhecia quando eu morava aqui, muita, muita
gente diferente. Depois que voltamos, já tinha
construção, bastante construção, bastante gente nova,
gente que eu não conhecia, que mora aqui até hoje,
C: Mas a sua recepção aqui, a senhora percebeu alguma
rejeição, ou foi normal, teve algum problema do seu
retorno aqui, não?
E: Não. Não teve, não teve. Dele teve, ele ficou muito
sentido com muitas coisas aqui, que ele teve rejeição
dele, da parte dele teve, ele ficou muito sentido com
isso, teve muita rejeição. Eu não gosto nem de tocar.
Nossa, antes dele morrer, ele foi assassinado .Ele
sentiu muito rejeitado, C: Vocês nesse período, vocês
moraram em que bairro?
E: Eu morei em Perus, São Paulo, na casa da irmã dele,
morei quatro anos e fui embora pra Jacareí, de lá voltei
pra aqui, Tô morando aqui perto dos meus pais. Meu
objetivo era de voltar pra lá, mas para mim é difícil,
eu tenho três filhos e não dá, meus parentes moram tudo
aqui, lá eu moro sozinha, lá eu não tenho ninguém,
nenhum parente. Então eu preferi ficar por aqui. Comprei
um barraquinho, tava pagando aluguel, morava com meu pai
num cômodozinho. Aí passei a pagar aluguel, seis meses
de aluguel, aí tava muito sufocado. Aí comprei um
barraquinho, aqui com a ajuda da minha família.Comprei
aqui na Lulaldo e tô focando a minha vida pra frente com
os meus filhos.
C: Quantas famílias moram aqui hoje?
E hoje tem em torno de 400 famílias, porque tem mais de
uma família que moram em um lote só.
C: Você é de onde?
E: Eu sou do Ceará.
C: De qual cidade?
E: Jaguari, na terra do Aldo Santos.
C: Certo.
C: É, a senhora falou pra mim que o seu esposo morreu,
como é que foi isso?
E: Olha, até hoje eu não sei, eu não sei explicar, até
hoje eu não fiquei sabendo quem foi, quem fez, só sei
que eu peguei ele morto no Pronto Socorro Central de São
Bernardo, e a única coisa que sei.
E: Foi tiro, ele levou seis tiros nas costas.
C: A senhora falou pra mim que ele era dependente
químico.
E: É, ele tava, ele era dependente químico.
C: Ele tava trabalhando na época que ele morreu?
E: Na época, ele tava desempregado.Ele trabalhava de
pedreiro, fazia bico nesse dia que ele morreu, ele
tinha ido pra casa de um irmão dele, aqui na vila são
Pedro, tinha pegado um serviço, na segunda-feira já ia
começar a trabalhar, o serviço de seis meses, fazer uma
casa ,tinha pegado um serviço, então ele chegou em casa
contente, que na segunda-feira já ia começar a
trabalhar. Aí nessa época eu trabalhava aqui nesse motel
Asteric, trabalhava das 3:00 às 11:00 horas da noite ,eu
sei que ele chegou da casa do irmão dele, dei almoço pra
ele, pro meus filhos e sai pra trabalhar e cheguei em
casa 11 horas da noite, ele não estava ;aí perguntei aos
meus filhos: “Pai saiu mãe!”, ele falou onde ia? “não aí
tomei um banho, fui deitar, ai quando eu tô deitada,
escutei chamando no portão: “Tonha, Tonha” , chamando
ele, aí eu sai e falei: Ele não tá, quem quer falar com
ele?-“Não dá pra senhora vim aqui um pouquinho?”Ai eu
subi, aí o rapaz veio me avisar: “Vim avisar pra senhora
que ele tá baleado em São Bernardo. Daí, mas o que
aconteceu?, ele também não disse, aqui eu só, já fiquei
em pânico aí, chamei meu irmão, aí meu irmão foi comigo
em São Bernardo, cheguei lá, ele já tava morto no Pronto
Socorro Central, a única coisa que eu sei.
C: Como é que é o nome completo e quando ele o morreu
tinha quantos anos?
E:. Ele ia fazer 40 anos, dia 29 de Dezembro e foi
assassinado dia 04 de dezembro de 98.
C: A dependência química dele foi desenvolvida quando? A
senhora tem idéia de quando começou.
E: foi depois de um episódio que aconteceu aqui, foi
depois de uma confusão que ele teve com um rapaz que
morava aqui, nessa esquina aqui do lado; Bateu lá na
nossa porta, como ele era presidente, ele não teve como
negar, arrumou esse terreno pra esse rapaz, esse foi o
causador de tudo na nossa vida,. Eu não gosto nem de
falar no assunto, porque foi a partir daí, que nossa
vida mudou. Ele era uma pessoa excelente, uma pessoa
muito bacana, trabalhador, esforçado, era um pai
excelente entendeu? Muito trabalhador, muito esforçado,
mas... Infelizmente...
C: Como é que era a atuação dele politicamente na época
que ele encabeçou a vinda de vocês lá da Jurubeba aqui
pra Lulaldo? Como é, o que a senhora pode falar sobre
isso daí? Da atuação política do Barba.
E: Como assim, a luta dele aqui?
E: Bom, ele, o que ele podia fazer aqui pelo bairro, ele
fazia, não media esforço, não media sacrifício Ele ia
atrás, ele ia a reuniões, ele buscava.E tudo que ele ia,
que ele corria atrás, , ele conseguia, ele era muito
lutador. Ele corria atrás, ele conversava com o doutor
Maurício. Ele fazia reuniões, era com Aldo dos Santos,
os assessores do vereador, do Aldo. Ele trabalhou com o
Aldo seis meses na prefeitura como assessor do
Aldo.Então ele era muito, muito esforçado, ele corria
atrás mesmo, as pessoas que conheceu ele aqui, que sabe
da luta aqui, sabe falar como ele trabalhou isso aqui.
C: A senhora gostaria de falar alguma coisa, da atuação
política do Barba aqui na vila ou também sobre a vila? A
senhora gostaria de falar alguma coisa?
E (longa pausa), bom, sobre a vila aqui foi o que eu
disse (né), foi isso que aconteceu, a gente sofreu
muito, mudamos pra aqui (né), e acho que não tem mais
nada.
C: Tá, muito obrigado Dona Neusa.
Obs este documento é a reprodução da história oral das
entrevistadas. Se você quiser mais dados procure os
documentos existentes na prefeitura, na Câmara de
vereadores e com o próprio movimento.
Essa publicação é de responsabilidade do gabinete do
Vereador Aldo Santos, que contou com a valorosa
contribuição dos companheiros: Paulismar Duarte, Marina;
André Torquato, e Aldo santos Junior. Entrevista feita
em novembro de 2002.
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