quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A história da Vila LuLaldo  narrada pelas mulheres.


Vila lulaldo, 13 anos de luta e resistência.




Entrevista feita com as moradoras e companheiras da vila

Lulaldo, Mariazinha e Dona Neusa. Mulheres que narram

suas histórias de vida, concomitantemente com a história

da vila, conforme inteiro teor do diálogo.

Essa cartilha tem por objetivo registrar, e ao mesmo

tempo resgatar o processo histórico da vila dentro do

contexto municipal de São Bernardo do Campo.

O material foi coletado a partir de depoimentos das

moradoras que viveram e vivem um dos maiores problemas

já enfrentados desde 1500 pela população Brasileira, a

questão Habitacional, que começa após 1534, quando o Rei

de Portugal dividiu o país em quinze capitanias e as

entregou a alguns privilegiados europeus, assim, os

nativos – a maioria esmagadora – foram desapropriados de

seus lares, criando aquilo que conhecemos como: a

desigualdade habitacional, que influi diretamente a

todos os outros problemas existentes em nossa sociedade,

ou seja, o Brasil ainda hoje está impregnado por

latifundiários, que por sua vez controlam as esferas

sócio-cultural, a política e a economia, condensando

apenas aos seus interesses e as suas vontades.



C: Comunicador

E: Entrevistado



Marizinha



C Estamos aqui com a Dona Maria Aparecida. Ela é

presidente da sociedade Amigos da Vila Lulaldo. Eu

gostaria que a senhora dissesse o seu nome completo, sua

idade e quanto tempo à senhora mora aqui na Vila.

E: Meu nome é Maria Aparecida do Nascimento, tenho 35

anos e moro aqui na vila há nove anos .Desde que eu moro

aqui, que eu cheguei aqui, que eu procurei participar

das atividades que me diz respeito, ao meu bairro, à

vila. Enfim, comecei participar da diretoria como

secretária, depois passei para vice-presidente, depois

presidente. Trabalho também como professora do Promarc .

C: A senhora é presidente atualmente desde quando? A sua

gestão começou quando, e vai até quando?



E: Começou em julho de 2001 e vai até julho de 2003, são

dois anos.



C: A senhora. Como é que foi a fundação da vila Lulaldo

(ou a) o que a senhora conhece a respeito da fundação da

vila?



E: Olha. Quando cheguei aqui, a vila já existia há

quatro anos .A vinda das pessoas foi em razão da falta

de moradia, eles moravam na vila chamado Jurubeba e lá

era uma área de risco, e eles foram... (à) Prefeitura,

levaram a questão e acho que não foi solucionado da

forma legal. E aí, eles em grupo, juntaram, um grupo, um

grupo de rua, acho que comissão de rua e aí eles

resolveram vir para cá .E aí ficaram até hoje, do jeito

que estão

C: A senhora se lembra que ano foi... Essa ocupação?



E: É, aconteceu em 89, 1989, dia 03 de dezembro.



C: Certo. A senhora falou que tinha uma pessoa que

encabeçou o movimento. Quem foi essa pessoa? Como é o

nome da pessoa?



E: Olha, tinha uma senhora chamada Dona. Emilia. Que o

Barba, éra uma pessoa que já faleceu, mas a esposa dele

continua morando aqui e tinha outras pessoas, também

que faziam parte do grupo dele

C: Então, na época, a pessoa que encabeçou foi o Barba,?



E: Isso.





E:. Eles foram os primeiros que vieram e aí eles foram

marcando, demarcando e formando a vila, pegando as

pessoas, muitos dos que vieram estão aqui. otros não

estão mais, deve ter mais ou menos uns vinte por cento

dos moradores que vieram, . Outros não estão mais aqui

os que estão são pessoas novas.Os n que moram aqui, não

conhecerem a história e o por que dessa vila,. Então,

eles não abraçam a luta, não abraçam e aí torna difícil,

pra uma diretoria ta resolvendo muitas coisas, eu

acredito que é em razão disso, até por que as pessoas

que vieram são os mais conscientes, são os que mais

participam na comunidade, os que mais ajudam, por que

eles sabem à história, eles sabem o por quê de estar

aqui.



C A senhora acha que, oitenta por cento dos moradores

não são mais da vila. Esses oitenta por cento que saíram

da vila, a senhora acha que foi devido a que,



E: Eu acredito, que por covardia mesmo .falta de não

querer, lutar, não querer buscar ;ter encontrado

soluções, melhores soluções. E os que estão aqui (os

mais ou menos vinte por cento) que estão por aqui é

porque acreditam. que vai conseguir e acabaram dando um

apoio também às pessoas novas, incentivando os que vão

chegando, e que sempre tá saindo morador, sempre

chegando .

C: Certo, e o nome é Lulaldo. Porque Lulaldo? De onde

saiu esse nome?



E: Olha, segundo o quê está escrito ,o quê está

registrado, que na época tinha o vereador Aldo dos

Santos que deu um apoio pro pessoal daqui e tinha o

lula, que era uma pessoa muito forte no partido dos

trabalhadores e amigo do Aldo. E como eles acreditavam

muito no trabalho do Lula, sempre depositavam muita

confiança nele, que na época, era presidente do

Sindicato dos Metalúrgicos .Então eles ,a Dona Emília

que era uma senhora de muita garra, que inclusive ela

morreu de câncer, aqui dentro ,(ela) eles se juntaram,

fizeram uma assembléia e fizeram uma eleição , onde dos

vários nomes apresentados o mais votqado foi o nome de

Lulaldo , pois conforme defesa da dona Emilia na

assembbleia “ nós devemos colocar o nome da vila de

pessoas que são lutadoras como nós’.O nome dos dois

políticos que contribuiu muito, e que eles acreditavam

no trabalho, deles. Acreditavam na força que era o Lula

e que na época era candidato a presidente da reblica e

o companheiro Aldo Santos que era vereador e que apoiu

incondicional a nossa luta.Colocando o nome da vila que

é vila Lulaldo.



C: Então na verdade o nome Lulaldo é uma homenagem, uma

junção dos nomes do Aldo com o Lula, do Lula com o Aldo.

Então uma homenagem aos dois políticos?



E: Aos dois, ao Aldo por está sempre junto como até

hoje é um dos políticos de São Bernardo que mais

freqüenta aqui, o que mais ajuda, o que mais tá sempre

atuando é ele, e o lula por eles acreditarem nele, na

pessoa, no trabalho .

C:, Quando foi fundada a Vila lulaldo.



E Dia 03 de Dezembro, por que a maior rua que tem aqui,

é a rua 03 de dezembro, tem também o nome )3 de

dezembro, em razão disso, também das pessoas estarem

vindo, vindo pra cá no dia 03 de dezembro e onde eles

começaram a ficar foi aqui nessa rua, (né), então ficou

03 de dezembro.



C: É, qual é a programação na semana do aniversário da

vila?



E: Olha, é essa semana a gente vai ter tem no sábado,

tem às quinze horas, tem a abertura com a Missa Depois

da missa, aí a gente vai dar um tempinho de mais ou

menos uma hora, aí vai fazer exposição de fotos,

de cartazes, fotos de trabalhos de alunos, de crianças

da vila (né). Ah! Vai ter fotos (de), fotos antigas,

fotos de quando começou, como começou (é); recortes,

alguma, alguns textos registrados que a gente têm, vai

ta expondo e depois vai ter a atividade financeira, um

forró que a gente faz pra ta arrecadando fundos pra ta

fazendo alguma, alguma melhoria (na) (na) sede, (no)

pros moradores.



C: É, a senhora poderia falar um pouco mais sobre a dona

Emília,

E: Olha, da dona Emília eu sei muito pouco .Eu sei que

ela era uma pessoa de frente, por que eu não sou da

época dela, quando eu cheguei, ela já não estava mais

aqui ,não tem assim muita coisa registrada a respeito

dela , o que a gente tem são fotos e comentários

familiares .. Sabia que tva com a doença, mas mesmo

assim ela não parava de (de) batalhar. Ela enfrenta

polícias (que alguma), teve uma vez que as pessoas, os

moradores foram para o paço, ela ficou sozinha,

enfrentando a polícia pra não deixar ninguém invadir,

derrubar o barraco das pessoas. E não só essa vez, mas

outras vezes também ela fez, ela (ela) enfrenta

policiais (é), acho até o proprietário uma das vezes ela

chegou a conversar com ele. Então o que eu sei dela é

isso, eu não conheço os parentes dela. Não sei se tem

algum parente dela. Eu acredito que não tem aqui (né),

deve (deve) morar em outra, em outro bairro e conheço

por foto que a gente tem o quadro dela aqui com a foto.

Então, eu conheço dona Emília por foto .

É A senhora falou que o pessoal foi pro paço e ela

ficou aqui enfrentando a polícia pra que não houvesse

(uma) a desocupação. O pessoal foi pro paço fazer o quê?

Foi, o que levou o pessoal ao paço?



E: Eles foram reivindicar . Eles foram reivindicar ;

foram pedir uma solução de negociação ao prefeito.

C: Na época da ocupação quem era o prefeito?



E: Maurício Soares .



C: Ele era de qual partido?



E: Ele era do Partido dos Trabalhadores.



C: A atuação dele na época da ocupação em relação à

atuação dele agora é diferente ou (ou) é a mesma?



E: Olha, tem mudado um pouco, por que segundo os

diretores, às pessoas que participavam da diretoria da

época, quando se falava em marcar reunião, assembléia,

alguma coisa dessa natureza e que o assunto era Lulaldo

ele resistia . Hoje já não existe mais essa rejeição ,

C: É na época, a senhora sabe quem era o sub-prefeito

aqui do Riacho?



E: Era, acho que o irmão do Aldo Era o Chicão.



C: E ele, apoiou esse movimento ou não? Ele ficou

apático? Como é que foi?



E: Ah! Ele também junto com o Aldo, ele foi uma das

pessoas também ajudaram muito o pessoal aqui. E acho que

a questão da água, , inclusive existia um processo na

prefeitura como que o proprietário fez contra a

prefeitura, que a água, segundo ele, segundo a

prefeitura, a água foi o irmão do Aldo que Mandou

colocar. O Chicão que fez esse trabalho por ele ser sub- prefeito do Riacho Grande e foram eles que fizeram, isso

é o parecer da prefeitura que foi o Chicão ta até no

processo quem está processando não são os moradores da

vila, mas sim o Chicão e o finado Barba. São as duas

pessoas , que tem, que consta já nos autos do processo.



C:A senhora gostaria de acrescentar mais alguma coisa a

respeito da Lulaldo, do aniversário de 13 anos da vila

Lulaldo?



E: É acho que esses 13 anos, não sei, eu não sei porque

esse ano foi ano do 13. Se você for juntar , são 13 anos

de existência, 13 anos que o Lula luta conseguiu vencer

e 13 o número do partido . Não sei porque (risos), só

isso mesmo, essa observação, não sei se as pessoas

observaram já isso, os moradores. Mas eu fiz essa

observação, treze, o partido que é, não dizendo o

Partido dos Moradores, por que quem sou eu pra falar

que todos moradores são petistas , acredito que 99%

aqui foram Lula , não vou dizer, porque são vários

candidatos e tudo, mas acho que 99% dos moradores aqui

esse ano foram treze . Então deu treze, eu espero que

esse treze dê algo positivo, já que deu pro partido, já

que deu pro Lula, já que é treze anos que a gente tem a

vitória, no treze também, assim, como foi o ano treze.



C: Qual o endereço aqui da sociedade?



E: É rua 03 de Dezembro nº 67



C: A senhora lembra durante esse período , qual o

movimento que ocorreu que mais chamou a atenção de

senhora?



E: foi o do fórum , a passeata ao fórum que nós

fizemos,Em noventa e sete houve um pedido de

reintegração ; saiu no jornal e tudo, que a gente

queria era um prazo pra estar saindo e o prazo foi

vencendo, vencendo ; a gente esperava um parecer da

juíza e o parecer da promotora .O que me chamou atenção

é que eu nunca tinha participado, nunca tinha visto uma

passeata, nunca , e todas pessoas foram, e o que mais me

chamou atenção, é que a união do povo , você vai aquela

passeata bem civilizada todos fazem direitinho e

conseguimos o nosso objetivo. Nosso objetivo seria que

impedisse a reintegração e conseguimos . Nós sofremos,

ficamos lá durante umas três horas, aguardando e ela (a

juíza), se reunindo lá em cima com os meninos, o Aldo

estava junto também , o Wagner Lino também ele estava

presente e aí eles conseguiram e nós estamos até hoje.

Então a foi assim o movimento, em questão de luta, o que

mais me chamou a atenção foi essa passeata .

C: Só pra encerrar. Como é que tá o processo hoje?



E: Olha, o processo hoje ele se encontra em Brasília,

quer dizer o processo nosso, o da Vila, não tem mais pra

onde andar ,ele não tem mais como a gente tá

recorrendo . Tudo o que a gente podia recorrer, já

recorreu, já foi recorrido, o que existe hoje é um

processo contra a prefeitura, proprietário e prefeitura,

está em Brasília, que a gente não sabe até há um mês

atrás nós nos reunimos, dia 06 de Novembro, nos

reunimos na câmara com a presença do Aldo que é da

comissão de vereadores, ele faz parte da comissão

vereador que ficou responsável por acompanhar esse

processo , e segundo ele, ele ficou de está verificando

em Brasília em que pé que está nosso processo, mas o

processo que existe é entre o proprietário e a

prefeitura.



C: Tá ok! Muito obrigado.



E: Nada















































Recuperando a história e a memória dos nossos lutadores







Dona Neusa



C: É, vou entrevistar agora a dona Neusa, esposa do

finado Barba. Gostaria que a senhora falasse o nome

completo da senhora, a idade e quanto tempo a senhora

mora na vila Lulaldo.



E: ?, 39 anos, morei aqui muito tempo e voltei pra aqui

agora, Vai fazer cinco anos que to morando aqui de

volta, Ele morreu já vai fazer quatro anos, então

quando eu tava morando aqui, tinha mais ou menos um ano

que eu tava aqui, então aproximadamente cinco anos, Eu

morei um tempão fora daqui, fiquei sete anos fora daqui .

C: Tá. (o) a senhora saiu daqui pode dizer por quê? Se

não tiver nenhum problema.





C: Fale um pouco sobre o Barba.



C: Ele foi o primeiro presidente da vila,. È o primeiro

presidente da Sociedade Amigos.

C: Tá, o que a senhora pode contar pra nós a respeito da

(da) fundação da (da) vila Lulaldo? Como é que foi a

fundação? Como é que foi a vinda de vocês pra cá, de

onde vocês vieram?



E: Nós morávamos na Jurubeba, uma área de risco.O meu

barraco, era bem perto do barranco, quando chovia

desmoronava, tudo caia. Então foi aí que a gente,

decidimos ocupar aqui essa área, E viemos pra aqui, foi

uma luta muito grande.Quando nós mudamos pra aqui, meu

marido não decidiu trazer todas as coisas, fizemos uma

palhoça aqui no terreno, trouxe um plástico perto,

fizemos uma palhoça, ficamos debaixo, foi uma luta muito

difícil, muito difícil mesmo, ficamos aqui cinco meses

sem água, sem luz, Foi terrível. O caminhão pipa vinha

trazer água pra gente.Mais foi muito difícil mesmo pra

gente e ele lutou muito, muito mesmo. Ele, ele era

admirado como ele lutava. Ele lutou demais por isso

aqui, não gosto nem de lembrar o que nós passamos aqui,

C: Ele foi presidente aqui de que ano a que ano?



E: 89 e 91 são isso? nós ficamos aqui até 91, Aí foi

quando a gente saímos, aí ele não participou mais como

presidente, ai quem ficou, no lugar dele foi o José de

Arimatéia.



C: Mas houve uma nova eleição,

E: Não sei, por que eu fui embora e não participei mais.

Enquanto a gente tava aqui eu participava das reuniões,

participava também do comício pra entender.

C: Então, na (na) verdade a senhora participou aqui até

91, depois?



E: O final de 91,



C: Sim saímos da vila e retornamos há cinco anos?





E: Isso. Isso.



C: É, nesse período que a senhora ficou fora da vila e

voltou, a senhora percebeu alguma diferença dos

moradores? Como é que a senhora percebeu a Vila depois

desse retorno?



E: Percebi diferença, muita gente diferente, pessoas que

eu não conhecia quando eu morava aqui, muita, muita

gente diferente. Depois que voltamos, já tinha

construção, bastante construção, bastante gente nova,

gente que eu não conhecia, que mora aqui até hoje,



C: Mas a sua recepção aqui, a senhora percebeu alguma

rejeição, ou foi normal, teve algum problema do seu

retorno aqui, não?



E: Não. Não teve, não teve. Dele teve, ele ficou muito

sentido com muitas coisas aqui, que ele teve rejeição

dele, da parte dele teve, ele ficou muito sentido com

isso, teve muita rejeição. Eu não gosto nem de tocar.

Nossa, antes dele morrer, ele foi assassinado .Ele

sentiu muito rejeitado, C: Vocês nesse período, vocês

moraram em que bairro?



E: Eu morei em Perus, São Paulo, na casa da irmã dele,

morei quatro anos e fui embora pra Jacareí, de lá voltei

pra aqui, Tô morando aqui perto dos meus pais. Meu

objetivo era de voltar pra lá, mas para mim é difícil,

eu tenho três filhos e não dá, meus parentes moram tudo

aqui, lá eu moro sozinha, lá eu não tenho ninguém,

nenhum parente. Então eu preferi ficar por aqui. Comprei

um barraquinho, tava pagando aluguel, morava com meu pai

num cômodozinho. Aí passei a pagar aluguel, seis meses

de aluguel, aí tava muito sufocado. Aí comprei um

barraquinho, aqui com a ajuda da minha família.Comprei

aqui na Lulaldo e tô focando a minha vida pra frente com

os meus filhos.







C: Quantas famílias moram aqui hoje?



E hoje tem em torno de 400 famílias, porque tem mais de

uma família que moram em um lote só.



C: Você é de onde?



E: Eu sou do Ceará.



C: De qual cidade?



E: Jaguari, na terra do Aldo Santos.



C: Certo.



C: É, a senhora falou pra mim que o seu esposo morreu,

como é que foi isso?



E: Olha, até hoje eu não sei, eu não sei explicar, até

hoje eu não fiquei sabendo quem foi, quem fez, só sei

que eu peguei ele morto no Pronto Socorro Central de São

Bernardo, e a única coisa que sei.





E: Foi tiro, ele levou seis tiros nas costas.



C: A senhora falou pra mim que ele era dependente

químico.



E: É, ele tava, ele era dependente químico.

C: Ele tava trabalhando na época que ele morreu?



E: Na época, ele tava desempregado.Ele trabalhava de

pedreiro, fazia bico nesse dia que ele morreu, ele

tinha ido pra casa de um irmão dele, aqui na vila são

Pedro, tinha pegado um serviço, na segunda-feira já ia

começar a trabalhar, o serviço de seis meses, fazer uma

casa ,tinha pegado um serviço, então ele chegou em casa

contente, que na segunda-feira já ia começar a

trabalhar. Aí nessa época eu trabalhava aqui nesse motel

Asteric, trabalhava das 3:00 às 11:00 horas da noite ,eu

sei que ele chegou da casa do irmão dele, dei almoço pra

ele, pro meus filhos e sai pra trabalhar e cheguei em

casa 11 horas da noite, ele não estava ;aí perguntei aos

meus filhos: “Pai saiu mãe!”, ele falou onde ia? “não aí

tomei um banho, fui deitar, ai quando eu tô deitada,

escutei chamando no portão: “Tonha, Tonha” , chamando

ele, aí eu sai e falei: Ele não tá, quem quer falar com

ele?-“Não dá pra senhora vim aqui um pouquinho?”Ai eu

subi, aí o rapaz veio me avisar: “Vim avisar pra senhora

que ele tá baleado em São Bernardo. Daí, mas o que

aconteceu?, ele também não disse, aqui eu só, já fiquei

em pânico aí, chamei meu irmão, aí meu irmão foi comigo

em São Bernardo, cheguei lá, ele já tava morto no Pronto

Socorro Central, a única coisa que eu sei.



C: Como é que é o nome completo e quando ele o morreu

tinha quantos anos?



E:. Ele ia fazer 40 anos, dia 29 de Dezembro e foi

assassinado dia 04 de dezembro de 98.



C: A dependência química dele foi desenvolvida quando? A

senhora tem idéia de quando começou.



E: foi depois de um episódio que aconteceu aqui, foi

depois de uma confusão que ele teve com um rapaz que

morava aqui, nessa esquina aqui do lado; Bateu lá na

nossa porta, como ele era presidente, ele não teve como

negar, arrumou esse terreno pra esse rapaz, esse foi o

causador de tudo na nossa vida,. Eu não gosto nem de

falar no assunto, porque foi a partir daí, que nossa

vida mudou. Ele era uma pessoa excelente, uma pessoa

muito bacana, trabalhador, esforçado, era um pai

excelente entendeu? Muito trabalhador, muito esforçado,

mas... Infelizmente...



C: Como é que era a atuação dele politicamente na época

que ele encabeçou a vinda de vocês lá da Jurubeba aqui

pra Lulaldo? Como é, o que a senhora pode falar sobre

isso daí? Da atuação política do Barba.



E: Como assim, a luta dele aqui?





E: Bom, ele, o que ele podia fazer aqui pelo bairro, ele

fazia, não media esforço, não media sacrifício Ele ia

atrás, ele ia a reuniões, ele buscava.E tudo que ele ia,

que ele corria atrás, , ele conseguia, ele era muito

lutador. Ele corria atrás, ele conversava com o doutor

Maurício. Ele fazia reuniões, era com Aldo dos Santos,

os assessores do vereador, do Aldo. Ele trabalhou com o

Aldo seis meses na prefeitura como assessor do

Aldo.Então ele era muito, muito esforçado, ele corria

atrás mesmo, as pessoas que conheceu ele aqui, que sabe

da luta aqui, sabe falar como ele trabalhou isso aqui.

C: A senhora gostaria de falar alguma coisa, da atuação

política do Barba aqui na vila ou também sobre a vila? A

senhora gostaria de falar alguma coisa?



E (longa pausa), bom, sobre a vila aqui foi o que eu

disse (né), foi isso que aconteceu, a gente sofreu

muito, mudamos pra aqui (né), e acho que não tem mais

nada.



C: Tá, muito obrigado Dona Neusa.



Obs este documento é a reprodução da história oral das

entrevistadas. Se você quiser mais dados procure os

documentos existentes na prefeitura, na Câmara de

vereadores e com o próprio movimento.

Essa publicação é de responsabilidade do gabinete do

Vereador Aldo Santos, que contou com a valorosa

contribuição dos companheiros: Paulismar Duarte, Marina;

André Torquato, e Aldo santos Junior. Entrevista feita

em novembro de 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário