quinta-feira, 21 de julho de 2011

Acampamento Santo Dias, oito anos depois.

Acampamento Santo Dias, oito anos depois.


A maior ocupação urbana no país ocorreu em 18 de julho de 2003, na cidade de Sbcampo, num terreno de propriedade da Volkswagen do Brasil, cuja finalidade na época se destinava a especulação imobiliária. Essa ocupação foi realizada pelo MTST, que com o intenso movimento acabou atraindo outros moradores, entidades e movimentos para o seu interior. O Acampamento chegou a contar com sete mil pessoas embaixo de uma lona preta, ou de pedaços de plásticos, transformando o município numa cidade de contrastes.

De um lado da Anchieta, a riqueza e as propagandas da empresa multinacional VW e, do outro lado milhares de famélicos sem teto, pleiteando um pedaço de terra para morar e viver. A Volkswagen, preocupada com os seus lucros, sem demonstrar sua preocupação ou compromisso social com os moradores da cidade, não aceitou negociar e o movimento sem o apoio da gestão da cidade, William Dib, do governo do Estado, Geraldo Alckimin e do presidente da República Luiz Inacio Lula da Silva, foi esmagado pela forças repressivas do poder unificado.

Num determinado momento dos acontecimentos, o nosso mandato foi atraído para o centro das atenções e responsabilizado político e juridicamente pelo caldeirão explosivo do caos social existente numa rica cidade, como é SBCampo, que contraditoriamente contava com um déficit habitacional de aproximadamente 50 mil moradias e, que perdura até os dias atuais.

Vereadores, Deputados Estaduais, Federais e Senadores, Comissão de Fábrica, Entidades Sindicais e Populares compareceram ao local, para se solidarizarem com o movimento, que crescia numericamente, ao mesmo tempo em que cresciam os conflitos internos, as incertezas, e o cerco das esferas do poder para destruir o movimento, pois sua vitória seria um perigo e uma chama acesa na união e organização de milhares de sem-teto por esse País.

Na ocasião, Aldo Josias dos Santos Júnior, estudante de jornalismo, escreveu o Diário do Acampamento Santos Dias, um livro que relata o cotidiano, os conflitos, as disputas políticas, a forma organizacional, a solidariedade, as matrizes ideológicas, a tentativa de absolutizar o controle por parte dos dirigente iniciais, bem como descreve a ofensiva do prefeito Willian Dib, da Justiça, da Polícia, da falta de solidariedade da Igreja Católica e do enfrentamento e apoio logístico que circundou o movimento do início ao fim.

Esse livro vale a pena ser lido, relido e estudado, dado a riqueza dos detalhes e, certamente foi o único documento que parcialmente acabou registrando um importante documentário para a história do movimento habitacional brasileiro. Esse mês reuniremos o conjunto dos materiais para ser exposto na sede de entidades democráticas da cidade, para que tenhamos um importante momento de resgate da luta de resistência, bem como a omissão do poder público diante dos ataques daquele fato social de grande magnitude.

O Diário do Acampamento relata desde o dia 21 de julho até o dia 10 de agosto de 2003, quando os ocupantes foram expulsos da cidade e encaminhados para São Paulo, para o espaço cedido pela escola de samba Gaviões da Fiel.

Além dessa descrição, após o movimento ter sido expulso para a capital, alguns líderes foram vítima de processos. Um pela Câmara Municipal de Vereadores, para apurar o uso de uma Kombi no auxílio e solidariedade para com velhos, crianças e mulheres que estavam doentes no interior do acampamento. O mandato socorreu as pessoas e se tivéssemos que fazer, faria tudo novamente. Nesse processo fomos absolvidos, pois comprovadamente não houve nenhuma irregularidade.

Um Segundo processo partiu do Prefeito da Cidade Willian Dib, que foi arquivado pela competente manobra jurídica do Dr. Horacio Neto, nosso advogado, porém, ainda vamos transcrever o inteiro teor do mesmo, por constar dados ainda merecedores de uma profunda análise por parte de nossa militância.

E o terceiro processo foi apresentado pela Promotoria Pública, por dois Promotores e uma estagiária. Nessa ação fomos absolvidos em primeira instância, porém, condenado em segunda instância e, criminosamente fomos arrolados no processo de ficha suja na eleição passada, uma verdadeira aberração e criminalização dos movimentos sociais. Na prática, essa condenação se deu pela solidariedade praticada, enquanto corruptos confessos foram diplomados pela Justiça Eleitoral assumindo seus postos e o Supremo Tribunal Federal mudou a validade da lei que, precipitadamente instituiu o Tribunal de inquisição, na pior espécie: Primeiro condena, depois vai saber o conteúdo do julgamento.

Durante o processo eleitoral fui execrado publicamente pelos meios de comunicação e por decisão da justiça eleitoral, o que causou profundo prejuízo eleitoral ao partido e a candidatura a vice-governador pelo PSOL, bem como ofendeu a minha honra e minha moral social.

Espero que os advogados do PSOL possam intervir urgentemente junto ao Supremo Tribunal Federal para esclarecer e resolver, de uma vez por todas, se fomos efetivamente condenados, ou se estamos livre para disputar as eleições de 2012, livre de julgamentos públicos ou condenação eleitoral.

Entendo, inclusive, que esse projeto da Ficha Limpa, em que pese a sua simpatia popular, é uma cilada para a militância de esquerda, pois o mesmo vem se transformando numa verdadeira amordaça e um inibidor e freio nas lutas sociais do nosso povo.



Lutar sempre é preciso!!!

Aldo Santos- Ex-vereador, presidente da Aproffesp, Coordenador da APEOESP de SBC, Coordenador da corrente política TLS, Membro do coletivo Nacional de filosofia e da Executiva Nacional do Psol.





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