quarta-feira, 14 de setembro de 2011

PLENÁRIA DE PROFESSORES DE FILOSOFIA DA REGIÃO DO ABCD

Olá a todos e todas. Estou encaminhando dois textos sobre a importância da luta pela filosofia e aos avanços necessários.

Nesse sentido, por solicitação de vários professores de filosofia, vamos realizar uma plenária regional no dia 18 de setembro de 2011, as 9 horas na subsede da apeoesp-sbc, Avenida Prestes maia 233, centro de SBCampo.

Pauta:

1-Ampliação das aulas de filosofia no 2º e terceiro ano do ensino médio;

2-introdução da filosofia no Ensino fundamental;

3-O avanço de nossa organização; em relação a aproffesp, ao coletivo de filosofia , sociologia da apeoesp;

4-Encontro estadual de filosofia no dia 24 de setembro de 2011.

Você não pode ficar de fora desse debate.

Participe. Professores de filosofia de SBC.


Avança a Organização dos Professores de filosofia

A histórica luta pela volta da Filosofia no Ensino Médio

A Luta pela obrigatoriedade da Filosofia e da Sociologia na grade curricular percorreu um longo caminho até os dias atuais. Nessa luta, a atuação organizada de entidades afins e da APEOESP, foi determinante, dado a sua capacidade de mobilização e articulação política no cenário Nacional. Contudo, a participação dos professores nessa luta foi fundamental no seu cotidiano, nos encontros realizados, nas caravanas à Brasília e no acompanhamento direto aos processos e projetos de lei que tramitavam no congresso e que repousavam no MEC, sendo finalmente desengavetados e com muita luta aprovados. O dia 7 de junho de 2006 ficará na memória e história de mais de trezentos professores e estudantes que compareceram ao plenário do CNE – Conselho Nacional de Educação. Com essa mobilização, a luta pela obrigatoriedade da Filosofia e da Sociologia no Ensino Médio deu uma virada na página e na concepção da política educacional brasileira. Em 02-06-08, foi sancionado o PLC 04/08, que alterou o Artigo 36 da LDB/96, selando de vez a volta do ensino das disciplinas Filosofia e Sociologia nas escolas de todo o Brasil!

Segundo o Professor Paulo Neves, da Secretaria Estadual de Comunicação da APEOESP:

“A segunda caravana que acompanhou a votação possibilitou inclusive a realização de um ato simbólico de comemoração no plenário do CNE, pelos professores presentes. Mostramos o peso e a importância do Estado de São Paulo e, em particular da APEOESP, para o êxito deste movimento. Vale destacar o significado desta conquista, que não se restringe apenas ao retorno das duas disciplinas ao currículo do Ensino Médio. Ela põe um freio na visão educacional neoliberal que tomou de assalto a educação brasileira nas últimas décadas com objetivo de flexibilizar e desregulamentar a profissão docente, sendo responsável pela desvalorização do trabalho do professor e, sobretudo pela precarização da educação”.

Do ponto de vista da Organização da Filosofia, o 1º Encontro Nacional de Filosofia e Sociologia realizado nos dias 22 a 24 de julho de 2007 no Anhembi-SP, foi um marco determinante nesse processo de consolidação das disciplinas, que contou com a força direta dos educadores, onde definimos desde a proposta de realização do encontro, a organização e na coordenação do referido encontro. Entidades Nacionais como a UNE, UBES e outras também contribuíram diretamente nesse processo e no dia do Encontro, apresentamos em linhas gerais a necessidade de nos articularmos em nível nacional com o objetivo de acumularmos ainda mais força para a consolidação da disciplina de filosofia no ensino médio no Brasil inteiro.

Na época o prof. Aldo Santos apresentou aos delegados um documento básico da proposta organizativa dos professores de filosofia em nível nacional, realizamos uma plenária dentro do encontro e constituímos a Coordenação Nacional do Coletivo Nacional de Filosofia que dentre outros pontos propôs reforçar a nossa organização nos Estados, para pressionarmos as Secretarias Estaduais de Educação pela imediata implantação da Filosofia, e ao mesmo tempo, nos organizarmos nacionalmente. Criou-se então o coletivo Nacional de Filosofia em 2007 e a luta ganhou expressão com a realização, em 2008, do IX Encontro Estadual do Coletivo de Filosofia, Sociologia e Psicologia da APEOESP. Várias propostas foram aprovadas no sentido de fortalecer a nossa luta pela efetiva implantação da Filosofia no currículo do Ensino Médio.

O Encontro Nacional viabilizou a idéia e as condições objetivas dos professores de filosofia e filósofos do Estado de São Paulo no sentido de se constituir um campo próprio de reflexão, elaboração e contribuição do pensamento acadêmico com o mundo do trabalho em que vivemos. Uma das polêmicas centrais do IX Encontro do Coletivo de filosofia, Sociologia e Psicologia da APEOESP foi o enunciado da nossa proposta sobre a necessidade da fundação de uma entidade dos filósofos, concebida sem a pretensão ou preocupação de concorrer com o sindicato estadual dos professores, haja vista que do ponto de vista sindical global estamos muito bem organizados e abrigados nesta entidade.

Nosso objetivo foi apresentado e aprovado nas resoluções finais do encontro. Em Setembro de 2009 toma posse a primeira Diretoria eleita da Associação dos Professores de filosofia e filósofos do Estado de São Paulo – APROFFESP - numa Plenária Estadual realizada no dia 26 de Setembro de 2009, na Rua Carlos Petit, nº 199, Vila Mariana. Os membros eleitos tomaram posse, tendo por base o resultado das eleições realizadas no dia 26/08/2009, com a votação de 226 professores no Estado (foto da posse).

Hoje devemos nos unir e nos organizar ainda mais pela ampliação da carga horária, pela introdução da filosofia no ensino fundamental, abrir concurso para contratação de mais professores, além da pauta comum dos sindicatos que defendemos, apoiamos e militamos para que as mesmas se efetivem. Devemos também construir coletivamente as ferramentas e conteúdos curriculares, que assegurem a formação propedêutica, sem banalizar ou subtrair o conteúdo crítico e o caráter revolucionário da própria filosofia.

Para nós da Associação, a organização dos trabalhadores, nas mais variadas manifestações no mundo do trabalho, é fundamental e indispensável rumo aos avanços numa perspectiva transformadora e de superação das condições desumanas hoje existentes na sociedade brasileira e no mundo.

Organizar é preciso!!!



Posse da diretoria da APROFFESP: Aldo Santos: presidente, Wanda: vice-presidente, Gilmar: tesoureiro, Jesus: secretário geral, Chico Gretter: normas pedagógicas, Jairo: relações externas e Alan: comunicação.

A filosofia no contexto do debate atual.

“A filosofia está presente na vida de todos. No mundo ocidental, costuma-se dizer que remonta aos gregos. De uma perspectiva mais ampla, podemos dizer que ela está presente na vida do ser humano desde um tempo imemorial, anterior às primeiras civilizações. Dos primórdios do Homo sapiens até as primeiras organizações humanas, cada atitude individual ou coletiva, cada fenômeno físico ou avanço técnico, cada nova percepção dos meandros da alma humana foi entremeada por ações passíveis de análise filosófica.

Fundamentação teórico-pedagógica

A disciplina de filosofia tornou-se obrigatória na grade curricular das escolas de Ensino Médio a partir de junho de 2008, com a aprovação da Lei n° 11.684[1]. Essa nova lei reforçou um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), de 2006, que incluía as disciplinas de filosofia e sociologia no Ensino Médio, mas não definia em que séries elas deveriam ser implantadas.

Em 1971, o ensino dessas disciplinas foi suprimido e substituído por aulas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira (OSPB), com o intuito claro de reduzir as possibilidades de ensino crítico e de formação do pensamento autônomo na trajetória escolar.

Nos anos de 1980, com o fim do regime militar e o fortalecimento dos movimentos democráticos, o debate sobre o retorno do ensino de filosofia ganhou novos contornos. Desde então, a disciplina de filosofia no Ensino Médio tem sido entendida como componente curricular relevante na formação da consciência crítica dos alunos. Na versão inicial dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)[2], publicada em 1999, a filosofia constava como conhecimento curricular específico, cujas competências e habilidades deveriam ser contempladas no programa de Ensino Médio.

O ensino de filosofia encontra-se articulado à área de Ciências Humanas e suas Tecnologias, ao lado dos componentes curriculares geografia, história e sociologia. Na história da educação brasileira, a filosofia oscilou entre períodos de ausência sistemática e fases de inserção opcional; no entanto, na prática, conteúdos e temas filosóficos sempre contribuíram de um modo assistemático com as reflexões do ensino de história, geografia e, às vezes, literatura.

Recentemente, a inclusão obrigatória da filosofia no Ensino Médio transformou esse quadro e criou um enorme desafio para professores e autores de materiais de ensino: pela primeira vez na história da educação brasileira de ensino público, democratizado e praticamente universal inclui a filosofia como componente da grade curricular.

Esse desafio se consubstanciava na massificação (em termos qualitativos e quantitativos) que se observa nessa etapa da trajetória escolar brasileira, aliada à precária condição em que chega esse alunado (por questões estruturais da educação brasileira), detentor de uma formação que passa distante de qualquer preocupação com abstrações e conflitos éticos, dois dos principais focos da filosofia.

Este livro define a filosofia como um campo de conhecimento autônomo, centrado na perspectiva da atividade e do pensamento filosófico e, portanto, marcado por um método, assim como por um conjunto de conceitos e temas centrais. Todavia, foi nossa preocupação também estabelecer um diálogo interdisciplinar com os componentes da área de Ciências Humanas.

Segundo os objetivos traçados pelos parâmetros Curriculares Nacionais – detalhados no Edital do Programa Nacional do Livro Didáticos para 2012 - , um livro de filosofia, no Ensino Médio, deve incentivar a constituição da “autonomia, da reflexão e da pluralidade de perspectivas sob as quais são consideradas desde e experiência social imediata até o conjunto de saberes estabelecidos[3]”. Esse princípio geral tem, pelo menos, três desdobramentos importantes que caracterizam a confecção desta obra.

Em primeiro lugar, a compreensão de que o ensino de filosofia deve se conectar às indagações da experiência cotidiana e, a partir delas, construir os conceitos e os princípios dos pensamento filosófico. Esse movimento fundamental abre a maioria dos capítulos: a indagação e o estranhamento diante de atos, sentidos e ideais corriqueiras e perante a percepção imediata e a vivência mais comum. Essa perspectiva supera, assim, a noção de filosofia como conhecimento erudito, um saber distante do mundo material, das preocupações mundanas, dos anseios individuais e doa conflitos sociais, restrito, portanto, apenas a iniciados e a alunos “inteligentes”.

Em segundo lugar, a filosofia, neste livro, pressupõe o estudo da história da filosofia e das condições materiais que deram forma e sentido ao surgimento e ao desenvolvimento da atividade filosófica. Entre a história social, econômica e o pensamento há, pois, uma inter-relação complexa: de um lado, a filosofia expressa os dilemas de seu tempo, procurando responder aos questionamentos nascidos da experiência concreta dos seres humanos em uma determinada sociedade; de outro, a filosofia também tem sua história, constituindo, por isso, um diálogo permanente com a sociedade à medida que lança novos olhares e influencia as transformações culturais. Nessa perspectiva, não há “fatores”, “causas” e “conseqüências”, mas desdobramentos do pensamento filosófico no interior de processos históricos mais amplos.

Finalmente, o terceiro traço marcante desta obra refere-se à constituição de um método próprio da filosofia que a diferencia das outras Ciências Humanas e lhe permite operar determinados objetos sob um ponto de vista único, original. Os fundamentos do método estão explicitados nos capítulos 1 e 2, mas percorrem toda a estrutura do livro.

Trata-se de compreender a filosofia como “pensamento sistemático”, isto é, resultado do trabalho intelectual e da apropriação de determinadas ferramentas de análise, reflexão e crítica sobre o ser humano, suas idéias e sua interação com o mundo. Assim, afastamos a filosofia de outro risco: a vulgarização da atitude filosófica, considerada um simples conjunto de idéias e opiniões.

Esse é um perigo bastante comum no Ensino Médio, já que a transformação do programa de filosofia em uma conversa mais ou menos organizada entre alunos e professor é recorrente em sala de aula. Deve-se considerar, contudo, que, embora fundamental, o diálogo não é a finalidade da disciplina, mas um meio pelo qual determinados conceitos são construídos coletivamente e um instrumento para que as múltiplas opiniões sejam analisadas, discutidas, aprofundadas e transformadas pela atitude filosófica.

Para entender a todos os objetivos acima explicitados, esta obra foi estruturada em duas grandes partes: “ a atividades teórica” e a “atividade prática”. Na primeira, organizam-se os conceitos fundamentais (razão, verdade, conhecimento) e as principais ferramentas do pensamento filosófico ( a lógica e a metafísica); na segunda, constituem-se os campos de investigação da filosofia sobre a experiência humana: a cultura e as artes, a religião, a ciência, a ética e a política. Nesse percurso, acreditamos percorrer o longo caminho da formação e dos desdobramentos do pensamento filosófico, levando em conta a diversidade de temas e a pluralidade de concepções e tradições filosóficas.

Objetivos Gerais

Três são os objetivos que norteiam a obra:

1. Apresentar os conceitos fundamentais do pensamento filosófico ocidental, constituído historicamente, como ferramentas de formação da atitude filosófica;

2. Colaborar para a reflexão sobre as relações entre concepções filosóficas e as condições históricas e a vida cotidiana;

3. Desenvolver o espírito crítico e a reflexão filosófica sobre questões contemporâneas, contribuindo para a criação e o fortalecimento de práticas solidárias com própria comunidade.





Interpretar a palavra é interpretar o mundo.



Entendemos que a tarefa fundamental do ensino de filosofia é contribuir para a formação do pensamento crítico. Isso significa dotar o aluno de ferramentas que o tornem cada vez mais capaz de interpretar os textos, analisar os conceitos e, simultaneamente, compreender melhor o mundo, identificando as questões centrais da contemporaneidade e estabelecendo nexos e relações com outros momentos da história do pensamento humano. Recordando Paulo Freire, leitura da palavra e leitura do mundo são indissociáveis. O ensino de filosofia, portanto, pressupõe um vínculo indissociável com o mundo ao nosso redor.”

Obs.

Texto publicado no livro da filósofa Marilena Chauí, no manual do professor, respectivamente nas paginas, 3,4,5, manual do professor, volume único. A parte introdutória também faz parte do mesmo compêndio e esta na página 3 da apresentação.

Bibliografia: Chauí, Marilena,

Iniciação a Filosofia: ensino médio, volume único, Editora ática, 2010

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