segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ricardo Alvarez, Horácio Neto e Aldo Santos , comentam sobre a construção do Psol, em máteria publicada no DGABC.

Da Câmara ao Paço, degrau arriscado


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011 7:28

Raphael Rocha

Do Diário do Grande ABC

Na eleição de 2012, diversos vereadores arquitetam lançar candidaturas ao Executivo. Se baseiam em recall eleitoral no Legislativo, atuações nas Câmaras ou até histórico familiar na política para justificar campanhas mais ousadas. Porém, a transição de poderes é arriscada e, caso a vitória não apareça, pode causar danos políticos profundos ao parlamentar.

Desde 1996, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral, 19 vereadores do Grande ABC tentaram alçar voos eleitorais maiores (veja quadro ao lado). E o resultado não é nada animador aos que pretendem entrar na corrida eleitoral no ano que vem. Somente três parlamentares assumiram a cadeira mais importante de suas cidades: Oswaldo Dias (PT), que venceu em Mauá em 1996; Adler Kiko Teixeira (PSDB), que saiu da Câmara de Rio Grande da Serra diretamente ao Paço em 2004; e Aidan Ravin (PTB), que repetiu o feito em Santo André em 2008.

Para piorar a situação, muitos dos 16 derrotados praticamente sumiram do cenário eleitoral regional. Vários tentaram retornar ao mundo político e ficaram pelo caminho, no ostracismo.

Em Santo André, o ex-vereador Ricardo Alvarez (Psol) concorreu ao Paço em 2008, ficando na quinta colocação, com 7.495 votos. A derrota ecoou na eleição de 2010, quando o ex-petista buscou cadeira no Congresso. Recebeu 5.288 sufrágios e ficou longe de Brasília.

Situação semelhante ocorreu com Horácio Neto (Psol), que duelou em São Caetano em 2008 e conquistou 7.050 votos. Dois anos mais tarde, voltou a se testar nas urnas, desta vez para deputado estadual, e tornou a ser derrotado, com 7.744 adesões. "Não consigo ver que o fato de ser vereador possa ser empecilho na eleição majoritária. O que pesa muito é o poderio econômico e o suporte eleitoral que lhe dão", discorreu Horácio.

Ainda em São Caetano, um dos casos mais significativos aconteceu com Hamilton Lacerda (PT). O petista surgiu como grande concorrente de José Auricchio Júnior (PTB), que à época contava com apoio do triprefeito Luiz Tortorello (morto em 2004). Hamilton assustou o então grupo governista e angariou 30.490 votos. Mas, depois da derrota e do famoso caso dos ‘aloprados' (suposta compra de dossiê contra candidatura do tucano José Serra ao governo do Estado), o ex-vereador sumiu da política.

Em São Bernardo, Aldo Santos (Psol) também sofreu com a derrocada política. Ele competiu em 2008 e obteve fraca votação - somente 3.806 votos. Em 2010, foi candidato a vice-governador pela sigla socialista, mas ficou longe de triunfar. "No Brasil, temos uma eleição de balcão de negócios, com compra descarada de votos. As campanhas ficam desiguais, principalmente para um partido novo como o Psol", opinou.


O empresário Paulo Bio (PV), ex-vereador de Mauá, buscou por duas vezes uma cadeira na Prefeitura. Em 1996, encabeçou a chapa, foi derrotado por Oswaldo e obteve 21.794 votos. Em 2008, foi vice na legenda de Chiquinho do Zaíra (ex-PSB, atual PTdoB), outro político com origem na Câmara e que naufragou na transição ao Paço. Chegou ao segundo turno, mas novamente foi batido por Oswaldo. "As candidaturas dependem muito de conjuntura.Claro que ajuda ter experiência política, mas não é determinante", avaliou Bio.



Oswaldo, Kiko e Aidan são exceções na região



Oswaldo Dias (PT), em Mauá, Adler Kiko Teixeira (PSDB), em Rio Grande da Serra, e Aidan Ravin (PTB), em Santo André, são exceções aos diversos casos de vereadores que tropeçaram ao tentar dar o passo da Câmara para a Prefeitura, desde 1996. Todos aliaram competência eleitoral e indefinições entre adversários para triunfar e se inserir na história política do Grande ABC.

Altamente difundido em Mauá, o PT nunca havia governado a cidade até 1996. Tentou, em 1992, com Márcio Chaves (PT), mas foi derrotado por José Carlos Grecco (PSDB). Quatro anos depois, o então vereador Oswaldo Dias foi escolhido para levar os petistas ao comando da cidade.

Sem poder se reeleger, Grecco indicou seu vice, Leonel Damo (atual PMDB), mas o bloco governista se desmantelou, principalmente pelo lançamento da candidatura do parlamentar Paulo Bio (ex-PMDB, atual PV). Oswaldo recebeu 72.475 votos e iniciou o primeiro de seus três mandatos na cidade.

Kiko, que era presidente da Câmara de Rio Grande da Serra, se aproveitou do desgaste político do PT no gerenciamento da Prefeitura. Ramon Velásquez (PT) registrava baixos índices de aprovação, e o candidato à sucessão do grupo governista, Carlos Augusto César, o Cafu (PT), foi diretamente afetado. O tucano arrebatou 11.414 sufrágios, 48,3% dos votos válidos, e assumiu a administração. Quatro anos mais tarde, se reelegeu.

A eleição de Aidan Ravin foi emblemática para Santo André. Vereador mais votado em 2004, o petebista lançou candidatura sem grandes apoios. Mas aproveitou a fragilidade do PT para chegar ao segundo turno.

No processo eleitoral, o PT foi dividido. Vanderlei Siraque, candidato petista, não contou com apoios de caciques da legenda, como a ex-vice-prefeita Ivete Garcia (PT). O desgaste das administrações do PT, que ficou 12 anos consecutivos à frente do governo, aliado ao racha na legenda, catapultou Aidan à Prefeitura.



ATÍPICO

Rio Grande da Serra teve caso atípico em 2000, que também resultou em vitória de vereador ao Paço. O prefeito eleito em 1996, Cido Franco, morreu de ataque cardíaco pouco tempo antes de assumir. Seu vice, José Carlos Arruda, o Carlão, assumiu o Paço e foi assassinado em 1998. Depois disso, vários políticos passaram pela administração. O TSE convocou eleições às pressas e antecipadaspara definição do quadro. Ramon Velásquez (PT) foi eleito.



Em 2012, 13 parlamentares sonham mais alto



Atualmente, pelo menos 13 nomes se colocam como pré-candidatos às prefeituras de suas cidades em 2012, mesmo sabendo dos riscos que correm caso não vençam na corrida eleitoral.

São Bernardo, São Caetano e Mauá lideram na qunatidade de parlamentares concorrendo à cadeira mais importante do município com três políticos cada. Curiosamente, nenhum dos que se postulam contam com apoio declarado das administrações.

Os vereadores Tunico Vieira (PMDB), Antonio Cabrera (PSB) e Admir Ferro (PSDB) se colocaram à disposição de seus partidos para encabeçarem projetos próprios ao Executivo de São Bernardo. O peemedebista diz ter apoio da executiva estadual para referendar o plano, enquanto Cabrera recebeu aval do presidente estadual do PSB, Márcio França. Ferro, por sua vez, observa o cenário eleitoral na raia oposicionista, que hoje tende a lançar somente o deputado Alex Manente (PPS) como representante do grupo.

Em São Caetano o cenário está bastante agitado. A saída de Paulo Pinheiro do PTB para o PMDB causou cisão na bancada governista de Auricchio. Tanto que o prefeito estuda lançar o vereador licenciado e secretário de Esportes, Gilberto Costa (PTB), a vice de Regina Maura - embora Gilberto reitere o desejo de encabeçar a chapa petebista. Entre os oposicionistas, Edgar Nóbrega (PT) tem aval do diretório petista para colocar o PT pela primeira vez na história no comando da cidade.

Já em Mauá, apesar dos muitos candidatos oriundos do Legislativo, o cenário tende ao afunilamento de chapas. Atila Jacomussi (PPS), Ozelito José Benedito (PTB) e Edimar da Reciclagem (PSDB) ensaiam ingressar na corrida eleitoral, mas há movimentação para união de forças para derrotar Oswaldo e a deputada estadual Vanessa Damo (PMDB).

O vereador Paulinho Serra (PSDB) briga para avalizar sua candidatura em Santo André. Ele não conta com apoio total do partido, já que grande ala tucana defende aliança com o prefeito Aidan Ravin (PTB). Mesmo assim, Paulinho segue sua peregrinação para confirmação no pleito.

Lauro Michels (PV), em Diadema, Saulo Benevides (PMDB), em Ribeirão Pires, e Claudinho da Geladeira (PT), em Rio Grande da Serra, também correm para serem protagonistas na eleição majoritária de 2012.

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