domingo, 22 de julho de 2012

Seca, fome e miséria!





Sáb, 21 de Julho de 2012 00:12
* Aldo Santos - No programa Globo Rural do dia 03 de maio de 2012, uma reportagem sobre a seca no nordeste, principalmente na Bahia, denunciou e revelou cenas de verdadeira tragédia social em nosso país. É incabível admitir a existência de pessoas vivendo no abandono e miséria total, como a reportagem denunciou.
O atual governo propagandeia em alto e bom tom que estão acabando com a miséria e o sofrimento do nosso povo. Com tanta tecnologia, investimentos disponíveis no cenário mundial, o Brasil ainda convive com esse atraso, representado na falta de água a várias décadas registradas por historiadores, cuja imagem mais contundente dessa realidade foi retratada no quadro os retirantes de Portinari, que dá conteúdo e retoma o sentimento de tristeza e dor expressa nas musicas clássicas, nos livros e cordéis, dentre outros, ao longo de séculos.
O dramático é ver o país com necessidades sociais gritantes, massacres dos povos nativos, escravidão negra e opressão de classe nos dias atuais, e ainda as elites burguesa promovem verdadeiro escárnio com o dinheiro publico, como se observa nos escândalos do mensalão e o atual banho de cachoeira, a mais recente quadrilha palaciana, assim como a lei da ficha limpa, que criminaliza dos os justos e absolve os criminosos que dilapidam o erário publico, enquanto falta o básico nas comunidades pobres no meio rural e urbano do nosso país.
A cena de uma menina de nove anos cuidando de outros irmãos foi chocante, pois os pais são obrigados a migrarem para outras regiões em busca da sobrevivência familiar, arriscando e sacrificando os próprios filhos. São crianças largadas, abandonadas a própria sorte naqueles confins de mundo e o Estado brasileiro nada faz para amenizar aquele estado de profunda miséria social e humana.
É o gado morrendo, gente definhando e quando chega um caminhão pipa, o liquido precioso é disputado como as vitimas de determinados países em caso de hecatombes que disputam um pedaço de pão como uma disputa de vida ou morte. Com os novos decretos cearenses subiu para 1.016 o número de municípios em situação de emergência pela seca no Nordeste, o que representa 56% dos 1.794 municípios nordestinos.
O Estado com mais pessoas afetadas é a Bahia, onde 2,3 milhões de pessoas sofrem com a prolongada estiagem. O número de decretos de situação de emergência chega a 244 e, segundo a Defesa Civil Estadual, ainda há municípios do semiárido que não encaminharam documentação, mas ainda podem entregar os decretos.
Em Pernambuco, onde 108 municípios decretaram emergência, mais de um milhão de pessoas são atingidas pela falta de água. Na Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte –outros três Estados que têm mais de 100 decretos reconhecidos-.
Estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas estejam sendo diretamente afetadas pela seca. Alagoas, Sergipe e Maranhão também apresentam problemas por conta da falta de chuvas”.(Seca leva Ceará a decretar emergência em 168 municípios; NE já tem mais de mil cidades afetadas 29/05/201209h55 Carlos Madeiro Do UOL, em Maceió )
A dimensão continental de nosso país expõe as contradições relacionadas aos fenômenos climáticos com o excesso de chuva numa determinada região e seca castigante em outras, porém, alguns problemas previsíveis como a constante seca não deveria mais existir, pois representa a omissão injustificável do poder público em níveis distintos de poder.
Essa é uma típica manifestação dos conflitos de classe, que não se encontra localizada nas regiões distantes tão somente. Há alguns anos Eu e o vereador Rodrigues de Diadema, fomos presos em frente ao fórum de Diadema, por apoiar uma manifestação dos moradores do sitio Joaninha, (divisa de SBC com diadema) que estavam há 27 dias sem água. Portanto lá como aqui, a miséria campeia como se fosse natural.
Esses bolsões de miséria alimentam muitos políticos malfeitores e propicia níveis condenáveis de corrupção e aliciamento doutrinário ao longo da historia brasileira.
Esses fatos retratam um mundo cantado em versos e prosas, que povoa a imaginário das pessoas que ainda se sensibilizam com a dor do outro, principalmente em se tratando de um pais que alcança patamares de destaque no cenário econômico mundial. Para os migrantes, essa dor parece ser mais profunda e sempre presente, uma espécie de memória genética, pois é na tragédia do outro que identificamos como parte de nossa tragédia que vivenciamos em tempos distantes e presentes. Essa reminiscência do passado, por exemplo, foi expressa no trecho da musica cantada e lamuriada por Luiz Gonzaga.
Se arguma notícia das banda do Norte
Tem ele por sorte
O gosto de uvi,
Lhe bate no peito sodade de móio,
E as água dos óio
Começa a caí.
Do mundo afastado, sofrendo desprezo,
Ali veve preso,
Devendo ao patrão.
O tempo rolando, vai dia vem dia,
E aquela famia
Não vorta mais não!
Distante da terra tão seca mas boa,
Exposto à garoa,
À lama e ao paú,
Faz pena o nortista, tão forte, tão bravo,
Vivê como escravo
Nas terra do su.
(Triste Partida, Música de Luiz Gonzaga e Poema de Patativa do Assaré)
Longe de se enfrentar essa tragédia social pelo viés da piedade, essa realidade representa a face cruel do capitalismo, que nesses quinhentos anos de dominação, tem vitimado índios, negros e operários. A nossa reação deve ser materializada nas lutas sociais e de comum acordo com os movimentos sociais que repudiam e lutam contra esse estado de morte precoce.
Lutar, resistir e destruir essa miséria social é Preciso!
* Aldo Santos é ex-vereador em São Bernardo, presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, membro do Coletivo Nacional dos Professores de Filosofia, militante do Psol

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