sábado, 27 de abril de 2013

GREVES E MARCHAS SEMPRE!


GREVES E MARCHAS SEMPRE!
Em 17 de abril de 1997, em sua última entrevista Paulo Freire afirmou: "... Eu morreria feliz se eu visse o Brasil cheio em seu tempo histórico de marchas. Marcha dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marchas dos que querem amar e não podem, marcha dos que recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser.
...Eu acho que as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo ...O meu desejo, o meu sonho como eu disse antes é que outras marchas pela superação da sem-vergonhice que se democratizou terrivelmente nesse pais. Essas marchas nos afirmam como gente, como sociedade, e querendo democratizar-se.
Eu estou absolutamente feliz por estar vivo ainda e ter acompanhado essa marcha (Marcha dos sem terras) que como outras marchas históricas revelam o ímpeto da vontade amorosa de mudar o mundo.”
De fato quando o povo se põe em movimento as mudanças ocorrem, os conflitos aparecem e a coragem coletiva rompe o ritual de aparente imutabilidade. Acertadamente Rosa Luxemburgo proclama: "Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem"
Entendo que as greves , assim como as marchas, representa um momento singular e necessário onde põe a nu o estado burguês e representa uma radical explosão imaginária e de consciência de classe no processo estratégico de  transformação social.
Parafraseando Paulo Freire, eu diria que: O povo viveria feliz se no mundo todo ocorressem greves permanentemente. Greves econômicas, greves de natureza política, de defesa das bandeiras de gênero, etnia e minorias, contra os limites e o cercamento imposto pelo capitalismo, pois é na greve que se confronta com maior tenacidade o antagonismo de classe, a consciência do “valor dos trabalhadores” e as rupturas necessárias como síntese histórica da transformação revolucionária.
É nesse contexto que podemos identificar que na história da educação brasileira ao longo dos últimos anos foi marcada por grandes greves, que além de conquistas parciais, chamou atenção para o sucateamento da educação em nosso país e desempenhou importante papel do ponto de vista eleitoral, derrotando governantes que subestimaram a capacidade política das categorias em luta.
Esperamos que não seja mais uma bravata da atual presidenta da apeoesp e da direção da CNTE ao marcarem para o mês de abril mais  uma importante greve de caráter reivindicatório e de natureza política, ao colocar como eixo mais verbas para a educação.
Na V Conferência Estadual de educação da apeoesp realizada nos dias 28/29/30 de novembro de 2012, aprovou um calendário de luta rumo a organização da greve  no mês de abril de 2013.Foi aprovado  que a categoria irá deflagrar  mais uma greve pelo cumprimento da lei do piso, no que se refere ao cumprimento da jornada que foi manipulado pelo governador Geraldo Alckmin  do PSDB e por outros governadores,  inclusive do PT que tinha obrigação da dar o exemplo no cumprimento da lei federal  emanada do seu próprio Partido. Além desse eixo, é preciso avançar nas condições de trabalho precarizados pela falta de efetivo investimento governamental, reposição das perdas salariais, por um novo estatuto do magistério, amplamente debatido pelos educadores, capaz de assegurar direitos,  plano de carreira que  hoje  estão fatiados por  conta de leis  cruéis e anacrônicas.
Concomitantemente a CNTE que agrega 44 entidades em todo País deliberou que na semana da educação, nos dias 23 e 25 de abril vai realizar importante greve nacional em defesa dos 10% do PIB para a educação, além da incorporação do que trata a medida provisória (592), sobre os royalties do Petróleo para que seja  vinculado a educação brasileira.
Por ocasião de inúmeros movimentos e pressão popular a comissão de constituição e justiça da câmara aprovou em 16 de outubro de 2012 o referido percentual do piso. Espera-se agora que o senado aprove sem modificações para imediata sansão da presidenta Dilma.
A mais eficaz forma de viabilizar essa importante reivindicação do movimento educacional brasileiro é a deflagração de uma potente greve para avançar nas conquistas que os benefícios dessa lei trará para o nossos educadores/educandos e a sociedade brasileira em geral.
Nesse sentido, é fundamental que a apeoesp  de forma unânime encaminhe as resoluções aprovadas na Conferência estadual de educação,  organizando desde já   a metodologia   e a implementação pra valer  da referida greve em 2013.
A defesa de uma greve cumpre dois princípios básicos da classe trabalhadora: é um momento de luta por conquistas e melhorias das condições salariais e  de trabalho, além da politização, união e organização conforme expressa o enunciado do texto a seguir: “Um dos mais importantes textos políticos do século XIX inicia com a frase “um espectro ronda a Europa: o espectro do comunismo”. Trata-se do Manifesto Comunista, de Marx e Engels, e seu famoso chamado para a união de todos os trabalhadores do mundo para se oporem ao domínio da burguesia. Outro texto significativo escrito por um dos grandes líderes revolucionários do século XX diz: “as greves ensinam os operários a se unirem”. Aqui, a frase é de Lênin, em sua análise “Sobre as greves”. (Publicado no Brasil de fato em 13/6/2012, Ricardo Prestes Pazello)
Também é relevante e fundamental a greve proposta pela CNTE, pois o eixo da mesma deve ser  sobre o efetivo investimento na educação, bem como deve incluir também  na pauta a exigência do cumprimento da lei federal n° 11.738/2008 que estabelece o piso e a jornada  que  não esta sendo implementada  pelos governantes do nosso país.
A greve no Estado de São Paulo foi aprovada em assembleia  do dia 15 de março de 2013, com assembleia marcada para o centro do poder econômico da capital que é a Avenida Paulista, seguindo em passeata até a secretaria de educação na Praça da República. Vamos à luta com união, organização e convicção de que a greve, historicamente, é um poderoso instrumento de enfrentamento contra a opressão de classe,em defesa dos reais interesses dos trabalhadores. CONTINUAR NA GREVE É A GARANTIA DE QUE A GREVE CONTINUA.

Lutar e vencer sempre é preciso!


 Aldo Santos-ex-vereador em SBC, Coordenador da subsede da apeoesp-sbc, Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo, membro da Associação dos  Professores de Filosofia e Filósofos do Brasil, militante do Psol.





Nenhum comentário:

Postar um comentário