sábado, 25 de maio de 2013

HISTÓRIA DE JOSIAS RAIMUNDO DOS SANTOS (MEU PAI EM MEMÓRIA)


HISTÓRIA DE JOSIAS RAIMUNDO DOS SANTOS

                       
Josias Raimundo dos Santos nasceu no dia 25 de maio de 1925 na Comarca de Missão Velha, Ceará. È filho de Maria Inês de Jesus Filha e Raimundo Pereira dos Santos. Seus avôs maternos são Raimundo Martins dos Santos e Maria Inês da Conceição, falecidos. Sua avó paterna era dona Bárbara. A Bisavó materna chamava-se Josefa Maria de Jesus, sendo que Josias não a conheceu. Todos nasceram na comarca de Missão Velha, Ceará.  Josias teve vários irmãos, sendo eles: José Raimundo dos Santos, Assis, Luzia Maria de Jesus, Naíde Maria de Jesus, Antonio Raimundo dos Santos, Maria Inês Santos, Zeca, Mariquinha e Neco. Todos os irmãos nasceram em Brejo Santos – Ceará. A maioria não possuía registro de nascimento, tendo apenas o batistério.
A mãe de Josias, Maria Inês de Jesus Filha, faleceu em 1930 por conseqüência das seqüelas do parto de Antonio Raimundo. Seu pai, Raimundo Pereira dos Santos faleceu em 1931 com mais ou menos 42 anos de idade. Era gordo, parecido com o neto Cleonaldo, trabalhava como distribuidor de bebidas e tinha uma propriedade de mais ou menos 20 alqueires de terra, batizada de Sítio Pau-Branco, situada no município de Brejo Santo.
O Sítio produzia milho, feijão de corda, mandioca, algodão e arroz. Após a morte de seu pai, o irmão mais velho, José Raimundo, foi para o Maranhão. Aos 16 anos de idade, Josias vem para o Estado de São Paulo. Viaja pelo rio São Francisco de vapor e pela estrada de ferro de Pirapora, chegando á São Paulo após 15 dias de viagem. Josias não tinha idade para viajar, veio fugido.
No Estado de São Paulo trabalhou de bóia-fria na fazenda Monte Alvão, Presidente Prudente. Trabalhou de diarista (recebia por dia de trabalho) plantando e colhendo algodão, milho, feijão. Trabalhava muito e não ganhava quase nada.  Em 1944, voltou para Brejo Santo, Ceará. Casou-se na igreja com Maria Bevenuta de Jesus.
Os primeiros dois filhos do casal nasceram mortos. Nasceram depois Raimundo Josias dos Santos, Francisco Josias dos Santos, Erivaldo Josias dos Santos, Aldo Josias dos Santos, Tânia Maria dos Santos, Cleonaldo dos Santos, Francisco Raimundo dos Santos e Alda Maria dos Santos. Na época de seu casamento, trabalhava na lavoura e no boteco “bodega seca”.
Nos anos de 1952 e 1953 a seca acabou com a lavoura. Josias e a família, não vendo outra saída, migram para São Paulo. Viajaram 18 dias de Pau-de-Arara. Em São Paulo, foram morar na fazenda Santa Amália, Rancharia. Josias trabalhava como bóia-fria.
Em 1958, foi trabalhar como cortador de lenha em Porto Alvorada, no Paraná, com o Seu Zé, um Cearense cuja passagem de volta nós pagamos. Foram morar depois na fazenda Palmeira, Murutinga do Sul. Trabalhou com o arrendatário Arlindo e depois com o Sr. Horácio Miranda. Esta região era conhecida como ‘terra de cascavel”.   Depois foram para Mesópolis trabalhar na lavoura também como arrendatário.

Nesta época, Josias comprou um sítio de dois alqueires localizado na fazenda São João. Depois adquiriu mais dois alqueires da terra vizinha á sua.  Em 1966, depois do fracasso da lavoura, a família de Josias migra para São Paulo. Foram morar no Bairro Independência, São Bernardo do Campo e depois em Diadema. Estudou na época em que a palmatória era usada como castigo nas escolas.

Na Grande São Paulo,  trabalhou de ajudante geral na Mercedes e na Panex. Josias adquiriu doenças ligadas á pressão arterial e precisou ser aposentado. Sua aposentadoria foi feita pelo Dr. Aron. Morou muitos anos em Diadema e atualmente mora com os filhos na cidade de Hortolândia.( Relato da história oral de Josias Raimundo dos Santos a seu filho  Aldo Josias dos Santos em 07/02/99)
Depois de morar boa parte da vida  na idade de Diadema, no Jardim Santa Cândida,  por motivos de saúde muda-se para  Hortolândia,  onde num primeiro momento morou próximo a Dona Maria, mudando-se posteriormente para  a chácara do Chicão em outro  bairro da cidade.Com a saúde debilitada,  no dia 9 de maio de 2010, aos 86 anos de idade,  morreu num hospital de campinas , deixando filhos, netos e bisnetos.  O seu corpo foi enterrado no cemitério do jardim das colinas em Sbcampo, juntamente com Maria Bevenuta de Jesus.
Meu pai teve uma vida marcada pelo sofrimento e como migrante  viveu, batalhou e lutou para criar os filhos, deixando  para eles os  valores éticos e morais de sua época, além de uma grande  e próspera família, com netos e bisnetos  espalhados  em várias partes do Brasil.
Quanto mais o tempo passa, mais valorizamos e compreendemos o significado da vida, a gratidão por nos criarem em condições adversas,longe das ciladas, das imoralidades e da falta de ética tão presente no mundo em que vivemos.

Sr. Josias:
“Simples como a vida,
Duro como a vida,
Porém vitorioso
Pelo que de belo existe
Em cada um dos que descendem
de Josias Raimundo dos Santos.”
(Aldo Santos)

Além do Espelho
Composição :
João Nogueira e Paulo César Pinheiro

Quando eu olho o meu olho além do espelho
Tem alguém que me olha e não sou eu
Vive dentro do meu olho vermelho
É o olhar de meu pai que já morreu
O meu olho parece um aparelho
De quem sempre me olhou e protegeu
Assim como meu olho dá conselho
Quando eu olho no olhar de um filho meu

A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu

Sempre que um filho meu me dá um beijo
Sei que o amor de meu pai não se perdeu
Só de ver seu olhar sei seu desejo
Assim como meu pai sabia o meu
Mas meu pai foi-se embora no cortejo
E eu no espelho chorei porque doeu
Só que olhando meu filho agora eu vejo
Ele é o espelho do espelho que sou eu

A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu

Toda imagem no espelho refletida
Tem mil faces que o tempo ali prendeu
Todos têm qualquer coisa repetida
Um pedaço de quem nos concebeu
A missão de meu pai já foi cumprida
Vou cumprir a missão que Deus me deu
Se meu pai foi o espelho em minha vida
Quero ser pro meu filho espelho seu

A vida é sempre uma missão
A morte uma ilusão
Só sabe quem viveu
Pois quando o espelho é bom
Ninguém jamais morreu

E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

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