quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

VEM PRA LUTA VEM...

VEM PRA LUTA VEM...
Normalmente não participo de atividades natalinas e destaco apenas a mudança do calendário a cada ano, que se traduz numa mudança cronológica, embora fortemente influenciada pela alienação propositalmente construída pelos detentores do poder.
As retrospectivas que todos os anos eram destacadas fartamente pelos meios de comunicação passaram “despercebidas” ou tiveram  ínfima importância, exceto alguns fatos , haja vista que o balanço do ano de 2013  não é interessante para a burguesia, e, nesse  contexto, ela não brinca em serviço.
Considero o ano de 2013, como um grande ano que  passará para  história da humanidade como um marco fundamental na fomentação da rebeldia popular, revelando assim um  forte ensaio do potencial revolucionário de nossa classe.
 Foi um ano com aumento da inflação, baixa produtividade e pouca expressão governamental, com destaque aos grandes embates ideológicos que a luta social acumulou a partir das revoltas de junho, julho, agosto..., fortemente reprimida em todos os níveis de governo.
 É plausível comparar simbolicamente o governo em 2013 com a luta do brasileiro Anderson Silva que quase foi nocauteado no primeiro round, seguido do trágico golpe o levou a derrota. O Governo termina o ano claudicando e na incerteza se será vitorioso ou não em 2014. Aliás, os neo gladiadores do esporte que Anderson Silva representa, deveria ser proibido e banido do mundo esportista, pois, além de ser primitivo, cruel e abjeto, é uma escola de violência, incentivada e  aplaudia por populares e governantes,que fingem não saber por que existem tanta violência na sociedade.
Destaco abaixo parte de um texto do companheiro Sidnei que apresenta sempre importantes reflexões críticas.
 “PANEM ET CIRCENCES, frase atribuída ao Imperador Romano Vespasiano quando da construção do Coliseu, com a intenção de calar a boca do povo que saia às ruas para demonstrar sua insatisfação, contra os governantes corruptos da época. Promoviam espetáculos sangrentos, violentos, combates entre gladiadores que invariavelmente acabavam com as mortes dos perdedores, ou entre gladiadores e famintos animais selvagens, onde o grotesco mau gosto sempre prevalecia, com exícios cruentos e sanguinolentos de humanos desumanos, determinados por imperadores imbecís e pusilânimes, com a aprovação de uma população dominada e controlada através dessas encenações ridículas, que aceitava como dádiva a distribuição gratuita de um pedaço de pão.
Povo enganado e domesticado com essas farsas voltava para suas casas para lutar por uma sobrevivência indigna, e mal obterem recursos para pagamentos dos impostos que eram que lhes eram impostos pelos amáveis imperadores que lhes proporcionavam graciosamente “panem et circenses”.
Hoje nada mudou, e no mundo inteiro identificamos  espetáculos gratuitos, para manter o povão dominado e gratífico para com seus desgovernos.
Na passagem do Ano, que na realidade nada mais significa que surgimento de um novo dia, todos os desgovernos decretam feriado nacional, promovem shows pirotécnicos, com luzes, sons ensurdecedores, que causam mortandade nos animais marinhos, nas aves que habitam selvas de concretos, loucuras nos animais domésticos e muitos contam com apresentações de artistas populares.
Percebemos que a grande maioria dos seres que se deixam dominar se acham felizes e que presenciaram um espetáculo inesquecível que marcarão suas vidas para sempre.
Radiantes voltam para casa com sua estima em alta, e só sentirão o custo de tudo isso quando se depararem com os carnês de IPTU, IPVA, das Casas Bahias que o estúpido do Papai Noel incutiu tendenciosamente em suas mentes.
Com gastos perdulários, obtiveram dívidas impagáveis ou quase, que os manterão reprimidos pelos seus patrões que os exploram não qualificando suas mãos de obras e por um desgoverno déspota que já programou copas, olimpíadas que continuarão a exercerem grandes ascendências sobre todos.
Com a distribuição de Auxílios Famílias, Auxílios Educação, e exigências legais para que os patrões distribuam Cestas Básicas, Vales Transportes, manter-se-ão governos e patrões, numa situação cômoda para que a exploração seja cada vez mais acentuada e não percebida pelos explorados, que se contentam com migalhas e engodos.
Com a ajuda criminosa da telinha e de uma mídia comprometida, quem manda continuará mandando, e quem é mandado continuará submisso.
Nada mudou desde a antiga Roma, apenas as pessoas e a sutilidade com que o pão e o circo são oferecidos.
Nossas saídas às ruas em Junho e Julho de 2013 já foram assimiladas e digeridas pelos nossos desgovernantes, quase nada de concreto foi conquistado, e parece até que já perderam o medo de nossas ameaças e manifestações.
Temos que ganhar às ruas novamente, afinal 2014 será um ano de eleições, de uma inconveniente Copa, e a luta tem que continuar”. ( Sidnei Augusto de Carvalho.Praia Perigosa, Grande e Discriminante, 02 de Janeiro de 2014)
Da janela do meu quarto, pude observar a passagem de ano,  onde, o entusiasmo das comemorações desse ano foi menor que as comemorações do ano anterior, pois paira no ar um clima de incertezas, num ano com campanha eleitoral  para cargos majoritários e proporcionais(Presidência da república, senado, governos estaduais e deputados) além da copa do mundo em junho/julho/2014.
 Quando em 2013 a juventude cantava e gritava em alto e bom tom “Copa o caralho, quero educação, saúde e trabalho”, certamente vão continuar nas ruas desfilando suas revoltas e indignação frente  às  faraônicas obras  construídas,em detrimento   da falta  de investimento no atendimento a saúde, na educação e ao emprego,  além de pautas  de natureza ética no mundo da política e  das instituições carcomidas pelo descrédito popular.
Entendemos que  no início de janeiro devemos nos organizar, fazer o devido planejamento,  azeitar o discurso e preparar as  ações rumo a grandes mudanças que se espera nessa conjuntura marcada por grandes eventos no mundo e em nosso país. Como expressa a musica da banda O Rappa:
Vem vamos pra rua
Pode vir que a festa é sua
Que o Brasil vai tá gigante
Grande como nunca se viu
...Sai de casa, vem pra rua
Pra maior arquibancada do Brasil
Ooooh
Vem pra rua
Porque a rua é a maior arquibancada do Brasil
É na rua e na luta que vamos cantar, enfrentar  e organizar: “Trabalhadores do mundo e do Brasil, chegou a ora de por fogo no pavio!”.


Aldo Santos - Coordenador da subsede da apeoesp-sbc, Presidente da Associação dos Professores de Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo e do Brasil, Presidente do Psol em sbcampo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário