segunda-feira, 24 de março de 2014

ASSOCIAÇÃO DOS PROFESSORES DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.DEBATE EDUCACIONAL


 ASSOCIAÇÃO DOS  PROFESSORES DE FILOSOFIA E FILÓSOFOS DO ESTADO DE SÃO PAULO.DEBATE EDUCACIONAL

Os grandes meios de comunicação reproduzem reportagens,  expondo as mazelas da educação, de forma sensacionalista  e até depreciativa,  em relação aos educadores  brasileiros. Se, de um lado ajuda na denúncia  e na exigência de medidas urgentes sobre a temática educacional, por outro, pode ser uma estratégia dos governantes no sentido de  naturalizar o caos hoje existente, justificando, portanto,  perante à opinião pública, a privatização da educação pública, como solução ao problema apresentado.

           De qualquer forma, cabe aos educadores, comprometidos com a educação pública de qualidade,  tomar partido nesse debate, fazendo suas críticas e apontando soluções. Nesse sentido, o texto abaixo contextualiza e contribui  na compreensão global  das inúmeras tentativas de sucateamento da educação:
“Com a crise do petróleo na década de 1970, inaugurou-se um processo mundial de adequação da economia, política e sociedade as novas exigências estruturais de acumulação do capital. Devido ao esgotamento do fordismo, a introdução de novas tecnologias no processo de produção passou a exigir um trabalhador com um nível maior de conhecimentos e habilidades. Nesse sentido, a escola proveniente da educação de massas que preparou os operários para o modelo industrial fordista se tornou obsoleta, pois as exigências do mercado na era da informação precisam de um tipo de trabalhador que supere a mera execução padronizada das tarefas. Sendo assim, a educação sofreu diretamente os reflexos desse novo contexto estrutural econômico que comumente é denominado como neoliberalismo.
Os princípios neoliberais procuram resolver a crise de acumulação do capital através da redução de investimentos na área social, principalmente na saúde, educação e previdência social. Além da diminuição dos custos sociais, o estado também diminui sua participação nos rumos da economia e sua intervenção no mercado de trabalho. Como consequência da mínima participação do estado na economia ocorre a política de privatizações das empresas estatais. No Brasil, podemos classificar como governos neoliberais os mandatos exercidos por Fernando Collor de Mello (1990-1992) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). E é justamente a partir da década de 1990 que começam a se desenvolver as políticas públicas neoliberais na esfera da educação no Brasil. As metas das reformas educacionais foram estabelecidas pelos organismos internacionais como: Organização dos Estados Americanos (OEA), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial (BM), Comunidade Europeia (CE), Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Programa de Reformas Educacionais da América Latina e Caribe (PREAL). O envolvimento e interesse de tantos órgãos internacionais nas reformas educacionais evidenciam de modo enfático a utilização da educação como mecanismo essencial na constituição do modelo ideal de trabalhador e, consequentemente, na criação de condições necessárias para manter a acumulação de capital.
De acordo com os princípios neoliberais, as reformas educacionais devem ser subordinadas as necessidades da produção e do mercado. Assim, diversos autores tratam do processo de mercantilização da educação a partir dos pressupostos estabelecidos pela economia capitalista. À medida que o estado diminui sua responsabilidade nesta área social, a iniciativa privada vem aumentando seus investimentos neste setor imenso. O enorme interesse da iniciativa privada na educação, manifestado no crescente número de cursos oferecidos pela internet e por outros meios informatizados em nível técnico e superior, evidencia a relação entre o capital privado e a educação. As consequências da mercantilização da educação para a qualidade do ensino e produção de conhecimento são o aligeiramento dos cursos, a precarização da profissão docente priorizando metas e resultados e a adaptação das concepções metodológicas e pedagógicas às necessidades do mercado”.http://jornalismoatodahora.com.br/parte-ia-globalizacao-e-a-precarizacao-do-trabalho-docente-no-estado-de-sao-paulo (um texto de  Alexandre Juliani, publicado em 27 de setembro de 2013 por admin)

Um dos grandes pontos de estrangulamento  da educação é a falta de  investimento, a falta de valorização do magistério, a superlotação das  salas de aulas, a desagregação funcional da rede,a falta de carreira e de um novo estatuto do magistério para o  Estado de São Paulo.
Os professores da rede e os ingressantes  estão  constatando na prática a desestruturação em que se encontra a educação estadual, com o baixo salário, a precarização como regra,  e a divisão da categoria em várias sub-categorias , como elemento desestruturaste e desnorteadores  do fazer pedagógico.
Nesse contexto precisamos compreender e detalhar os questionamentos  cotidianos:

1º O que fazer e como mudar a educação brasileira?

2- Como melhorar a educação estadual, através do pleno funcionamento da rede de ensino no Estado de São Paulo?

3-Qual política alternativa podemos implementar em relação a política  atual ?

4-Quais os principais problemas  que nos deparamos no chão da escola  e no cotidiano escolar?

5-Do ponto de vista do conteúdo, como mudar  pra valer essa realidade?

6-Como globalizar a luta por melhorais educacionais?

Esse debate comporta  outras questões de interesse dos professores (as)  de filosofia  numa perspectiva de “ver e diagnosticar” a realidade educacional, nos posicionarmos com base nos dados  estatísticos, formulando e construindo  posicionamentos e julgamentos   imparciais, buscando sempre um “agir radical”,   tendo em vista os objetivos  e as práticas pedagógicas revolucionárias.
 Escreva, denuncie, apresente propostas concretas, a altura de uma educação efetivamente organizadora, transformadora e libertária.
 Contamos com sua valiosa contribuição nesse debate.

Obs. Texto encaminhado ao debate  nas plenárias de Filosofia  do Estado de São Paulo (18/03/2014).


Aldo Santos-Coordenador da apeoesp-sbc,Presidente da APROFFESP/ APROFFIB,militante do PSOL.


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