domingo, 6 de abril de 2014

Não é educativo manter na Pasta alguém com tamanho grau de acusação. É um mal exemplo.


Oposição cobra saída de Cleuza Repulho

Publicado em domingo, 6 de abril de 2014 às 07:22




Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
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Banco de Dados/DGABC
Lideranças de oposição à gestão Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, pressionam o prefeito para exonerar a secretária de Educação, Cleuza Repulho (PT), que teve prisão preventiva requisitada à Justiça, ontem, pelo Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público. A informação foi publicada pelo Diário com exclusividade.
Os promotores concluíram que ela teve envolvimento direto em fraude e superfaturamento nas licitações para compra de mochilas e tênis comprados pelo Paço e distribuídos aos alunos em 2010, 2011 e 2012. Foram desviados ao menos R$ 4 milhões, segundo a investigação.
Além de Cleuza, o Gaeco denunciou mais 19 pessoas, sendo quatro outros servidores: Sérgio Moreira, braço-direito de Cleuza, e três procuradores municipais. O restante foram empresários e seus funcionários Eles foram enquadrados nos crimes de formação de quadrilha, uso de documentação falsificada, dispensa ilegal de licitação, abertura de possibilidade de modificação de contrato sem autorização e peculato (apropriação indébita de dinheiro público).
De acordo com a denúncia, os donos das companhias e os servidores públicos agiram em conjunto para tirar as empresas que não estavam em conluio e depois combinavam os preços praticados na licitação. Dessa forma, garantiam compra de material de qualidade inferior por valores superiores.
Presidente do Psol são-bernardense e dirigente da secção local da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, Aldo Santos classifica a situação da secretária como “insustentável”. “Há muitos anos nós iniciamos o movimento ‘fora Cleuza’, pela série de polêmicas e irregularidades de sua gestão. Existe na rede pessoas que podem substituí-la. Não é educativo manter na Pasta alguém com tamanho grau de acusação. É um mal exemplo. O prefeito Marinho está na contramão da história e da Educação. É de bom-senso afastá-la”, analisa o socialista, ao também cobrar postura dos vereadores. “Não podem ser coniventes com isso. Têm de fazer alguma coisa. É constrangedor.”
O parlamentar Marcelo Lima (PPS) diz que a o caso “é lamentável”. “O prefeito não tem outra saída a não ser exonerá-la. Tem de ter atitude, caso contrário, levanta-se hipótese de que ele tem participação nisso”, frisa, ao ressaltar que está em contato com outros vereadores para formalizar cobrança de demissão de Cleuza ao chefe do Executivo.
Julinho Fuzari (PPS) salienta que a secretária deve ser afastada “pelo bem do serviço público”. “Se não fizer, solicitaremos a cassação do mandato dele, porque não estará fazendo sua função. Isso caracteriza prevaricação e improbidade. A Justiça julga o caso criminalmente. E a Câmara deve atuar para que o caso seja conduzido de forma legal administrativamente.”
DEPUTADOS
O deputado estadual Alex Manente (PPS) afirma que Marinho tem de ter “posição clara e tomar providência”. “Caso contrário, também está envolvido no processo. É uma situação efetiva de afastamento. E mais: preocupa ouvir o prefeito falar que o Ministério Público e a Justiça estão fazendo asneiras (declaração do petista na sexta-feira, durante inauguração de centro de monitoramento por câmeras). Ele não está acima de tudo. O MP tem cumprido seu papel dignamente. E, após a conclusão de uma investigação, pediu a prisão da secretária.”
O também parlamentar paulista Orlando Morando (PSDB) ressalta que o chefe do Executivo já deveria ter tomado providências antes do pedido de prisão do Gaeco. “Não podemos opinar politicamente num caso que anda será julgado pela Justiça, mas, agora, o MP coloca ainda mais crise numa secretaria marcada por escândalos, denúncias, falta de transparência. Há omissão do prefeito. Não posso acusá-lo, mas pode haver evidências de sua participação no esquema.”

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