sábado, 3 de maio de 2014

Economista francês vem ao Brasil debater a crise do neoliberalismo

Economista francês vem ao Brasil debater a crise do neoliberalismo
Gérard Duménil, pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique vem ao Brasil para lançar e debater o livro A crise do neoliberalismo.

Redaçã
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Divulgação
O economista francês Gérard Duménil, pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), estará no Brasil nas próximas semanas para o lançamento de A crise do neoliberalismo, pela Boitempo Editorial, obra escrita em parceria com o também pesquisador Dominique Lévy, que apresenta um tratamento ambicioso e original da atual crise econômica global e um relato criterioso dos fatores que levaram a esse declínio. Ele se apresenta em São Paulo no dia 24/04, às 19h, na Biblioteca Mario de Andrade.

Em recente entrevista, Duménil afirmou que a crise econômica mundial iniciada em 2008 poderá se estender por um período superior a dez anos. Esse prazo longo, maior do que ocorreu com outras crises no passado, deve-se, segundo ele, ao fato de não ser possível ainda ver uma saída para Europa e Estados Unidos, que têm problemas com o significativo aumento da dívida pública. O economista destaca no livro as políticas econômicas cada vez menos liberais nos Estados Unidos pós-crise, como o aumento do protecionismo no comércio internacional e uma política econômica mais intervencionista, mas descarta que essas mudanças estejam levando os Estados Unidos, ou mesmo o mundo, para um compromisso mais à esquerda e fala do avanço de um "capitalismo neogerencial".

No dia 6 de maio, Duménil estará em Foz do Iguaçu, onde dará uma palestra, às 18h30min, no Auditório da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu. No dia 8 de maio, o economista falará em Porto Alegre, às 14h30min, no auditório da Fundação de Economia e Estatística.

A crise do neoliberalismo

Em A crise do neoliberalismo, Gérard Duménil e Dominique Lévy, dois dos mais influentes pesquisadores sobre o neoliberalismo, recontam a história desse novo estágio do capitalismo: do colapso dos subprimes à dita “Grande Contração”. Ao discutir a financeirização econômica, a reestruturação produtiva, as lutas de classes e as relações internacionais às portas de uma nova ordem global multipolar, os autores propõem uma reflexão fundamental à compreensão da história e dos rumos da economia.

O livro traz uma análise da chamada “Grande Contração” de 2007-2010 no contexto da globalização neoliberal iniciada nos primeiros anos da década de 1980. Com uma abordagem crítica não dogmática, Duménil e Lévy articulam uma enorme quantidade de dados perturbadores para revelar, como saldo da globalização neoliberal, o enriquecimento dos 5% norte-americanos mais ricos, em paralelo à redução de 40% para menos de 10% do PIB dos Estados Unidos em trinta anos.

A queda do investimento interno na indústria, uma dívida doméstica insustentável e a crescente dependência de importações, aliados ao financiamento e ao desenvolvimento de uma estrutura financeira global frágil e impraticável, ameaçam a força do dólar. A menos que haja uma alteração radical da organização político-econômica do país, os autores preveem um declínio agudo da economia norte-americana – e não hesitam em diagnosticar: “Sair da crise vai ser muito difícil”.

A do neoliberalismo é a quarta crise estrutural do capitalismo desde o fim do século XIX. A comparação com as crises anteriores – das décadas de 1890, 1930 e 1970 – coloca em perspectiva a análise profunda e detalhada que os autores fazem da situação atual. Contrapondo-se a diversas explicações sobre a crise econômica vigente, eles defendem a tese ousada de que a contração econômica em curso, à semelhança da Grande Depressão de 1929, é uma crise da hegemonia financeira.

Em vez de lançar a culpa sobre indivíduos isolados, como o fazem, por exemplo, Alan Greenspan e Ben Bernanke, Duménil e Lévy concentram-se nas forças estruturantes da economia. Para eles, a presente crise é resultado direto das contradições inerentes ao próprio projeto neoliberal. Suas tendências abalaram as fundações da economia da “base segura” – isto é, a capacidade dos Estados Unidos de crescer, manter a liderança de suas instituições financeiras em todo o mundo e assegurar a posição dominante de sua moeda –, uma estratégia imperial e de classe que resultou em um impasse. Segundo os autores, consertar a quebra da economia norte-americana exige a imposição de limites sobre o livre comércio e a livre movimentação de capitais, além de políticas destinadas a aprimorar a educação, a pesquisa e a infraestrutura; a reindustrialização e a fixação de tributação das rendas mais altas.


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