CARTA DE ALERTA AOS PROFESSORES DE
FILOSOFIA E AOS EDUCADORES EM GERAL
- A P R O F F E S P -
(Associação dos Professores de
Filosofia e Filósofos do Estado de São Paulo)
A
Presidente da República da República, Dilma Rousseff, em uma entrevista no
programa de TV “Bom dia Brasil”, no dia 22/09/2014, fez uma declaração a
respeito de futuras alterações curriculares que deixou os educadores e
principalmente os professores de Filosofia muito preocupados. Ao ser indagada
pela repórter Ana Paula Araújo sobre o baixo rendimento dos alunos nas últimas
séries do ensino fundamental e no ensino médio, segundo as últimas pesquisas, a
Presidente defendeu a necessidade de uma reforma curricular, dizendo que a
quantidade de “matérias” do EM é excessiva (doze) e citou explicitamente as
disciplinas Filosofia e Sociologia como agravantes desse número.
A Presidente não deixou claro o que pretende com a citada reforma, que não será
feita com uma canetada do governo, segundo palavras dela, mas por que teria se
referido de forma direta às citadas disciplinas, até se desculpando que “não
tem nada contra a Filosofia e a Sociologia”...Ora, a dúvida que fica no ar é
pior do que qualquer referência mais específica que uma reforma venha a fazer.
Será que novamente os técnicos do Ministério da Educação tentarão resolver os
problemas da má qualidade do ensino com a retirada da Filosofia ou da
Sociologia do currículo, tornando-as de novo o bode expiatório da incompetência
pedagógica e equívocos das políticas educacionais da União e dos Estados?
Sabemos que os problemas da educação em nosso país não se resumem na quantidade
de disciplinas no currículo e que a solução não virá com a retirada desta ou
daquela “matéria” ou deste ou daquele conteúdo. A questão aqui é de concepção
curricular, que supõe a discussão sobre os fundamentos teórico-metodológicos da
educação, ou seja, a pergunta sobre qual Filosofia da Educação deve embasar uma
política educacional coerente e eficaz. E é claro que nós não concordamos com
as concepções tecnicistas ou “neotecnicista” da educação, que contrapõem a
formação técnica à formação acadêmica, gerando essa esquizofrenia dualista do
sistema educacional de ensino, ora enfatizando a preparação técnica para o
“mercado de trabalho”, ora enfatizando a preparação propedêutica para a
universidade, como se fossem coisas estanques e antagônicas. O problema é
outro, é mais embaixo!
Concordamos que deva
haver uma reforma profunda no ensino médio, envolvendo não somente os conteúdos
de ensino, mas as condições de trabalho dos professores, a carreira, os
salários, a formação docente, a infraestrutura das escolas, o apoio, etc. Tirar
ou colocar disciplinas simplesmente não resolve os problemas da má qualidade da
educação brasileira. Se assim fosse, quando a ditadura militar desobrigou as
escolas do ensino de Filosofia (Lei 5.692/71), a educação teria melhorado em
nosso país; ao contrário, foi então que a qualidade piorou de forma
vertiginosa, principalmente pela degradação da carreira do professor, sua
péssima remuneração e formação deficiente.
Portanto, a APROFFESP
vem a público repudiar toda reforma de qualquer candidato a presidente que
defenda o viés tecnicista e tente retirar a Filosofia ou qualquer disciplina
formativa do currículo do ensino médio; e conclamamos todos os professores e
educadores em geral para se unirem em torno das bandeiras históricas que temos
defendido para uma real melhora da qualidade da educação pública em nosso país.
São Paulo, 25 de setembro de 2014.
DIRETORIA DA APROFFESP
Nenhum comentário:
Postar um comentário