segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A Escola da família do Célio Luiz Negrini em São Bernardo do Campo deu uma grande aula contra o racismo ao reunir dezenas de pessoas para debater sobre a tragédia da escravidão e o permanente grito por liberdade com inclusão cultura e social nos dias atuais

POR UMA CULTURA DE DIREITOS E POR DIREITO A CULTURA AFRICANA
A luta contra a escravidão continua!

A Escola da família do Célio Luiz  Negrini em São Bernardo do Campo deu uma grande aula contra o racismo ao reunir dezenas de pessoas para debater sobre a tragédia da escravidão e o permanente grito por liberdade com  inclusão cultura e social nos dias atuais.
A vice-diretora, professora Maria José agradeceu a presença de todos e todas, esclareceu a importância das atividades desenvolvidas pelos participantes da escola da família e destacou a temática e empenho da comunidade por ocasião do Mês da consciência negra. Agradeceu ainda o apoio da comunidade organizada e do sindicato dos professores - Apeoesp-SBC.
A atividade começou com o relato da Dona Maria Luiza Pereira Rufino, com 80 anos de existência, que testemunhou a importância desta data como representante da quarta geração das filhas de Palmares. Nasceu em Palmares, veio para São Paulo onde passou por inúmeras dificuldades e relatou que foi a terceira moradora do Areião onde vive a mais de 40 anos. Disse que ao final de todos os  anos reconta netos e bisnetos. Hoje têm 100 netos, 40 bisnetos e comprometeu-se  com esse debate afirmando que  próximo ano estará novamente nesta unidade Escolar.
Conforme previsto na programação, o Professor  Aldo Santos destacou a luta  do Quilombo dos Palmares reagindo a colonização   portuguesa e a rica  atividade econômica que representou o tráfico negreiro.Toda nossa Luta nos dias atuais tem como referência o grande embate e resistência desenvolvida por Zumbi dos Palmares em 1695. Falou de outro importante momento histórico contra a escravidão que foi a revolta da Chibata, liderada por João Cândido, o Almirante Negro. Um outro momento nessa cronologia, segundo o ex-vereador Aldo Santos, foi a primeira vez que se oficializou  o dia da consciência negra na cidade de São Bernardo do Campo, em 20 de novembro de 1989.Disse das dificuldades que encontrou no parlamento, mas, além de ser o autor da primeira  propositura sobre a consciência negra, apresentou ainda o projeto da capoeira nas escolas que foi rejeitado pelos vereadores, apresentou o projeto do feriado municipal na cidade, bem como a indicação pela implantação das cotas na faculdade de Direito São Bernardo,  dentre outras.As dificuldades  em  reunir os negros para discutir essa temática continua, pois existe o  racismo institucional introjetado  nos espaços oficiais. Chamou atenção para os 514 anos de invasão do nosso país, dentro os quais, cerca de 400 anos foram de escravidão econômica e degradação humana. Portanto, a escravidão ainda está presente em nossa sociedade; disse.
A militante Iara Bento destacou a luta histórica contra o racismo, relembrou dos atores dessa luta ao longo desses 25 anos em nossa cidade,  citando Adomair, Aldo Santos e outros e outras. Destacou a presença da mulher nesse debate, pois as mesmas representam 52% da população brasileira. Questionou a oficialidade da “abolição da escravatura”, onde as negras continuaram trabalhando na cozinha dos senhores de engenho e os homens ficaram sem emprego e sem o sustento necessário.
O Debate sobre a consciência negra deve ser pautado  cotidianamente  de forma interdisciplinar e não somente no mês de novembro de cada ano.Disse que o trabalho estafante das negras tem contribuído para o adoecimento das mesmas, denunciando ainda a matança da juventude negra da periferia.
A líder comunitária e representante do Educafro Elisângela Marques destacou a presença da Dona Maria Luiza e sua referência como guerreira da comunidade do Areião. Questionou a falta de mulheres  nas instituições de poder, onde em São Bernardo do Campo não existe sequer  uma vereadora na câmara municipal. Questionou ainda a falta de empenho de educadores nessa temática que vem sendo tocada pelas organizações não governamentais.
Para o sindicalista Paulo Neves existe um grande caminho a ser trilhado e lembrou-se da luta pela incorporação no calendário da diretoria de ensino da temática sobre a consciência negra. Disse também que a lei 11.64/2009, ainda está longe de ser uma realidade curricular.
O Professor Rogélio leciona no Célio desde o ano 2000, destacou  a importância  da atividade  realizada junto a comunidade e disse que o papel do educador é semear novas ideias de liberdade e resistência junto a população carente.Lamentou a ausência dos demais colegas na atividade e agradeceu a  presença representativa das lideranças nesse evento.
O Ex-aluno Everton Martins deu importante depoimento sobre a necessidade da revisão do conteúdo escolar, pois, afirmou que ficou sabendo da verdadeira história do país  depois que saiu da escola formal. Citou o exemplo da invasão do nosso  país em 1500: “Um ato criminoso que virou um ato heroico”. Criticou fortemente a transferência do feriado do dia 20  de novembro em São Bernardo do Campo, e, de certa forma, sua fala despertou importante debate junto a comunidade. Reafirmou que é preciso rever o referencial histórico, sociológico e filosófico  no ensino fundamental, médio e universitário.
Diante da polêmica sobre a mudança do feriado, a Iara Bento disse que quando foi assinada a lei do feriado do 20 de novembro em sbc  ela estava na mesa. Disse que essa luta pelo feriado começou com o Vereador Aldo Santos e agora foi aprovada pelo Prefeito Marinho. Ao final, a polêmica continua e todos concordaram que é necessária a manutenção do feriado no dia 20 de novembro de cada ano.
Falou-se ainda da urgência do feriado Estadual e Nacional.
Além dos debates,rolaram  outras atividades do ponto e vista da cultura-afro, com musicas, exposições e grafites.

Comissão antirracismo da apeoespsbc
22/11/2014


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